São muitos os problemas que desvalorizam os professores: salários baixos e pagos com atraso, condições de trabalho, inadequadas estruturas físicas das escolas, falta de recursos didáticos, insegurança, falta de formação continuada, indefinições sobre os projetos pedagógicos. São alguns exemplos, de outros tantos problemas, que afetam o ser professor.
Mas hoje, gostaria de me ocupar agradecendo a todos os professores que tive, desde o pré, como se dizia naquele tempo, até os do mestrado. Não calculei e nem sei quantos foram, mas foram muitos e durante muitos anos. Cada um com as suas qualidades e limitações, a maioria ensinava com paixão e alguns cumprindo apenas um dever. Reconheço que cada um, a seu modo, me ensinou a viver.
O papa Francisco, num diálogo com representantes de escolas dos Jesuítas na Itália e Albânia, falando sobre a escola disse: “A escola é um dos ambientes no qual crescemos para aprender a viver, para nos tornarmos homens e mulheres adultos e maduros, capazes de caminhar, de percorrer a vereda da vida (…) A escola não amplia apenas a vossa dimensão intelectual, mas também a humana”.
Aprender a viver! Somos seres inconclusos e passamos a vida inteira nos aprimorando. A escola e os professores são essenciais neste processo educativo. Nos defrontamos com inúmeras e imprevisíveis situações, a sociedade é pluralista e cheia de contradições. A convivência com uma variedade de professores ajuda a viver nesta pluralidade.
Agradeço aos professores tinham um conhecimento incrível e dominavam os conteúdos. Estes mostraram que para ser competente era necessário apropriar-se dos conteúdos. O conhecimento é condição para a competência, mesmo que o estudado não tenha utilidade ou aplicação imediata. Estes desafiaram a estudar e estudar sempre. Convenceram, daquilo que os filósofos gregos diziam, que quanto mais se sabe, mais consciente se está do pouco que se sabe.
Agradeço aos professores que eram habilidosos para as questões sociais. Ajudaram a ver, analisar, julgar criticamente a sociedade. Ajudaram a ver além das aparências. Ensinaram a ter um espírito analítico e a indignar-se contra todas as formas de injustiça e exploração. Desafiarem a ser agente de transformação das estruturas sociais injustas e da construção da sociedade.
Agradeço aos professores que conseguiam criar um ambiente fraterno e de diálogo na sala de aula. Fizeram ver e valorizar as pequenas coisas, os pequenos gestos, a corrigir as pequenas transgressões e a reconhecer os pequenos gestos de caridade. Criaram a consciência que é no cuidado das pequenas coisas que começa a qualidade de vida.
Agradeço aos professores que não levavam tão a “sério as aulas”. Ficavam falando de assuntos fora do conteúdo. Estes ajudaram a ver que na vida é preciso ter “jogo de cintura”, que nem tudo é oito ou oitenta. Mostraram que a fraqueza humana necessita de misericórdia.
Faço minhas as palavras do papa Francisco aos professores: “Encorajo-vos a renovar vossa paixão pelo ser humano – não se pode ensinar sem paixão – no seu processo de formação, e ser testemunhas de vida e de esperança”.