O último encontro com Jesus

    Com a festa da Ascensão, conclui-se praticamente a Páscoa. É o último encontro que Jesus ressuscitado realiza com os discípulos. Repetem-se nele duas constantes que estiveram presentes ao longo dos quatro Evangelhos.
    Por um lado, a confiança que Jesus deposita em seus discípulos. Jesus lhes diz que serão encarregados de continuar sua obra. As palavras de Jesus não podem ser mais claras: “Ide e fazei com que todos os povos sejam meus discípulos”(cf. Mt 28,19). Jesus colocou nas mãos deles o tesouro do Evangelho, do anúncio da Boa-Nova da salvação para a humanidade.
    Mas, por outro lado, o autor dos Atos dos apóstolos não deixa de reiterar, ainda neste último momento, a incompreensão dos discípulos. Depois de terem seguido Jesus pelos caminhos da Galileia e em sua viagem até Jerusalém, depois de haverem sido testemunhas diretas de suas palavras e milagres, de sua proximidade com os pobres e seu chamamento à conversão, porque “o Reino está próximo”; depois de terem visto como o Mestre tinha sido preso, julgado e condenado à morte na cruz e depois de terem experimentado a ressurreição, ainda assim, os discípulos continuavam sem compreender completamente a missão de Jesus e, portanto, sua própria missão como continuadores dela. No final de tudo, não lhes ocorre mais que perguntar se era naquele momento que seria restaurada a soberania de Israel. Não haviam entendido nada da verdadeira missão do Mestre,
    Apenas a promessa do Espírito Santo mantinha a esperança de que os discípulos chegassem a compreender plenamente a missão de Jesus e sua própria missão. Esse período tão especial, que vai, desde o dia da Páscoa, o da Ressurreição de Jesus, até sua Ascensão, termina aqui. No entanto, o período de aprendizado dos discípulos não está concluído. Precisam receber, ainda, o Espírito Santo, que será quem os fará conhecer verdadeiramente o significado das palavras e da vida de Jesus. De alguma forma, é necessário que Jesus desapareça de suas vidas para que, assim, os discípulos abram o coração para uma compreensão mais profunda e verdadeira de sua figura. Até compreenderem que há outra maneira de Jesus manifestar-se no meio da comunidade, o que tornará a sua presença constante e firme até o final dos tempos.
    Hoje na Igreja, em nossa comunidade e em nosso coração, continuaremos precisando da presença do Espírito para que nos ilumine a fim de compreendermos qual é a esperança à qual somos chamados por Jesus, a riqueza da glória que é a herança daqueles que crêem nele. Retomemos a segunda leitura do domingo da Ascensão(cf. Ef 1,17-23) e façamos dela nossa oração para pedir ao Pai que nos envie o Espírito de Jesus porque, mesmo que seja custoso – como o foi para os apóstolos – entender, queremos seguir seu chamado para anunciar a boa-nova da salvação a todos os homens e mulheres.

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