O super “eu”, a morte de Deus e do homem

    “Se Deus está morto, alguém terá que tomar o lugar dele”, disse Thomas Malcolm Muggeridge, intelectual britânico e foi Reitor da Universidade de Edinburgo.
    Os séculos XIX e XX podem ser considerados como os séculos do ‘Super’: super-estado (Hegel), super-forte (Carlyle), super-homem (Nietzsche), super-eu (Freud). É a eterna tentação de ir além de colocar-se acima dos outros e do Criador.
    Hegel, Marx, Carlyle, Schopenhauer, Stirner, Nietzsche, Freud, Rosenberg: os principais responsáveis das matrizes culturais das duas Grandes Guerras Mundiais. As armas são movidas pelas paixões humanas. Todas essas correntes de pensamento têm ajudado a desenvolver a negação da fé cristã e a cultura de morte.
    Quando se remove Deus da sociedade, tudo se torna lícito, “Se Deus não existe, qual crime pode existir? Uma vez que a humanidade negou a Deus, o homem se exaltará com um espírito divino, de orgulho titânico, e aparecerá como homem-deus. Se Deus não existe, tudo é permitido” (F. Dostoievski, Os Irmãos Karamazov, Mondadori, Milão 1994, p. 438 e 898).
    Aqueles pensadores, de modo explícito e velado, tornaram-se negadores de Deus, ou ignorando-o, ou aniquilando-o, ou apresentando-o como inimigo do homem. Denominador comum: para poder afirmar o homem, é necessário libertar a terra de Deus. Só sobre o túmulo de Deus é que é possível construir o trono para o homem.
    Mas o triunfo do homem, após a morte de Deus, é feito com um extermínio do homem por outros homens. Os acontecimentos comprovam a carnificina por eles cometida. É catastrófica a negação de Deus e a exaltação soberba do homem. Alguém terá que tomar o seu lugar, e esse “alguém”, geralmente é o próprio homem.
    O totalitarismo estatal ou partidário se torna a nova divindade, a verdadeira hiena sedenta de sangue humano. O sacrifício e a escravidão do povo é o ritual e a oferenda ao líder-deus-ditador.
    Já em 1929, Freud escrevia: “A questão fatídica para a espécie humana parece-me ser saber se, e até  que ponto, seu desenvolvimento cultural conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal causada pelo instinto de agressão e autodestruição […] Os homens adquiriram sobre as forças da natureza um tal controle, que, com sua ajuda, não teriam dificuldades em se exterminarem uns aos outros, até o último homem. Sabem isso, e é daí que provém grande parte de sua atual inquietação, de sua infelicidade e de sua ansiedade”  (S. Freud, O  Mal-Estar na Civilização,  Obras Completas,  Imago Editora,  Rio de Janeiro, vol. XXI, p. 151).
    “O Espírito Santo mostra a sua presença no dom das línguas; assim renova e vira ao avesso o acontecimento Babilônio: a soberba dos homens, que queriam tornar-se como Deus e construir a torre da Babilônia, a ponte para o céu, com suas próprias forças, sem Deus. Esta soberba cria a divisão no mundo, os muros da separação” (J. Ratzinger, O Caminho Pascal, Âncora, Milão 1985, p. 131).
    A Grande Besta do Apocalipse (Apoc. cap. 13), ainda domina no mundo e busca novas vítimas para serem oferecidas ao altar do domínio e do progresso. O poder do progresso é poder do capital, da mídia e do controle da mente, ou seja, o povo tem que pensar e agir conforme o seu projeto de governo. É daí a urgente verdade do Evangelho a ser propagada no poder do Espírito Santo (At 1,8). Contra o espírito da Grande Besta com suas mentiras, enganos, escravidão e morte, só mesmo o único e Grande Espírito Libertador contra o império de Satanás e seus apóstolos capitalistas.
    Somente o Espírito Santo guia o ser humano em toda verdade (Jo 16, 13). Tenhamos humildade de ser guiado por Ele.