Cadernos do Concílio – Volume 26
Hoje nos debruçaremos no volume vinte e seis da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II, uma tradução publicada pelas Edições CNBB em vistas do Sínodo da Esperança, que tem como tema: “O sentido da vida”, tema debatido também ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II e que é atual também para nós hoje. Sobretudo por aquilo que vivemos no mundo nos últimos tempos com pandemia da Covid-19, guerras, violência, fome e tantas outras coisas.
É sempre bom falarmos sobre o sentido da vida, quantas pessoas que conhecemos, até mesmo de nosso núcleo familiar, que atravessam um momento de depressão e perdem muitas vezes a vontade de viver. Temos que ter a certeza de que Deus nos deu a vida e somente Ele tem o poder de tirá-la, não podemos tirá-la por vontade própria. Não sabemos qual o dia e a hora, somente Ele o sabe.
Desde quando fomos concebidos e nascemos, Deus imprimiu em nós o dom do Espírito Santo, confirmado na celebração do Batismo e depois na Crisma. Somos convidados a trilhar a nossa vida segundo o Espírito Santo e esse mesmo Espírito Santo dará sentido a nossa vida. Ao longo da nossa existência nos deparamos com algumas situações que colocam em “xeque” a nossa vida, mas devemos acreditar em Deus e continuar seguindo em frente. Temos que acreditar que vale a pena viver e que temos muito a contribuir com esse mundo até o momento em que Deus nos chamar de volta para Ele.
Aquelas pessoas que se encontram internadas nos hospitais acometidas por alguma doença, aqueles que estão em casas de repouso, ou nas prisões, colocam em dúvida a própria existência, por conta muitas vezes da solidão e por tudo aquilo que passou para estar ali. Mas, mesmo assim deve confiar em Deus que fará o melhor e conseguirá passar por aquela situação.
As famílias que perderam seus entes queridos sobretudo recentemente por conta da pandemia da Covid-19, ou que perderam seus entes queridos em acidente, assalto, ou precocemente, ficam abalados e questionam a Deus o porquê. Por mais que essa situação seja difícil é preciso confiar no Senhor e seguir em frente, acreditando que aquele ente querido que morreu está no céu intercedendo por aqueles que ficaram.
O questionamento sobre a vida humana é bem antigo, vem desde o tempo filosófico. Os pensadores filosóficos se questionavam qual era a razão da existência humana, e ainda, de onde viemos e para onde vamos depois daqui. Nós como cristãos católicos sabemos que viemos de Deus e para Ele voltaremos. A vida não termina aqui, mas continua eternamente.
Diante dos avanços tecnológicos e científicos a humanidade trouxe à tona novamente esses questionamentos sobre a existência humana. Temos que tomar muito cuidado nos dias de hoje com a “Inteligência Artificial”, que é capaz de criar textos, imagens, e até mesmo criar um “robô” com a imagem semelhante à do ser humano. Esse “robô” não tem sentimento e não tem espírito como um ser humano tem.
A Constituição Dogmática Lumen Gentium, documento do Concílio Ecumênico Vaticano II, tem um capítulo que trata sobre a escatologia, ou seja, aquilo que acontecerá no final dos tempos, ou seja, o nosso fim último que é a vida eterna. Enquanto estamos aqui na terra fazemos parte da Igreja peregrina que caminhamos rumo a Igreja triunfante, que é a Igreja celeste, ao encontro do Senhor.
A Constituição Dogmática Lumen Gentium, também vai dizer que é por isso que rezamos pelos defuntos, acreditamos que suas vidas estão junto de Deus se viveram de acordo com a vontade do Pai. Por isso, não devemos acumular bens materiais, causar brigas e intrigas com os outros, querer ser melhor do que os outros, enfim, o que levaremos dessa vida será somente o amor. O amor deve ser o nosso “ingresso” para a vida eterna.
Acredita-se que após essa vida terrena teremos um primeiro encontro com o Senhor, ou seja, será o nosso “juízo particular”, momento em que poderemos nos arrepender de nossos pecados e aguardar a o momento do encontro final com o Senhor, na segunda vinda de Cristo que será o “juízo final” junto com todos.
A nossa vida tem total sentido, ela não teria sentido se acabasse aqui, mas ela continua na eternidade. Por isso, aproveitemos ao máximo enquanto estamos aqui para amar o nosso próximo e fazer o bem para que ao passar dessa vida possamos habitar eternamente junto de Deus.
A salvação é para todos, Deus não deseja condenar ninguém, por isso, até o último momento a pessoa tem a oportunidade de se arrepender de seus pecados. E nós que aqui ficamos rezamos sempre na intenção dos entes falecidos, para que alcancem mais facilmente o perdão dos pecados e a salvação eterna.
Podemos observar que a questão do sentido da vida vem de anos na Igreja, conforme nos exorta a Constituição Dogmática Lumen gentium, e ela ainda continua atual nos dias de hoje. Convido a tomarem esse volume vinte e seis dos Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II em mãos e ainda ler o capítulo sétimo da Constituição Dogmática Lumen Gentium.