Ao celebrar o 14º. Domingo do Tempo Comum Nosso Senhor Jesus Cristo nos convida a se aproximar dele e acolher a suavidade de seu jugo. A condição para nos aproximar do Senhor é nos fazermos pequeninos e humildades, como nos adverte a oração da coleta da missa deste domingo: “Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas”
O Profeta Zacarias anuncia o rei, humilde, que vem ao encontro: “Eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria de jumenta”(Zc 9,9) Assim Jerusalém deve exultar, porque o rei esperado “Vem montado num jumento, um potro, uma cria de jumenta”. Aqui ressalta-se que a força do messias não vem da cavalaria, mais do Senhorio. Este Messias é Jesus, conforme cantamos no Salmo Responsorial de hoje: “Bendirei, eternamente, vosso nome, ó Senhor”(Sl 114).
Jesus, no Evangelho deste domingo, diz que é manso e humilde de coração(Cf. Mt 11,25-30). Encontrar com o Senhor é, antes de tudo, fazer-se pequeno: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”(Cf. Mt 11,25).
Quando nós nos fazemos pequenos encontraremos descanso em Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”(Cf. Mt 11,28-30).
Jesus louva ao Pai porque revelara as coisas do Reino aos pequenos, aos humildes, isto é, aos que colocam unicamente n’Ele sua confiança. E o Catecismo da Igreja Católica em seu número 2603 diz que “Jesus glorifica o Pai, agradece-lhe e o bendiz porque escondeu os mistérios do Reino aos que se julgam doutos e revelou-os aos pequeninos (os pobres das Bem-aventuranças)”. Portanto, irmãos, se quisermos conhecer mais a Deus e estreitar os laços de amor e amizade com Ele precisamos ser humildes e mansos. Jesus Cristo mesmo diz que é necessário aprender dele essa doutrina: “…aprendei de mim, porque eu sou manso e humilde de coração”. (Mt 11,29)
O Papa Bento XVI disse que se nos aproximamos de Deus “com humilde confiança, encontramos no seu olhar a resposta ao anseio mais profundo do nosso coração: conhecer Deus e contrair com Ele uma relação vital numa autêntica comunhão de amor, que encha do seu próprio amor a nossa existência e as nossas relações interpessoais e sociais”. O Catecismo da Igreja Católica no número 2785 também confirma que é preciso ter ”um coração humilde e confiante que nos faz retornar à condição de crianças (Mt 18,3), porque é aos pequeninos que o Pai se revela”.
Peçamos, caríssimos irmãos, fazer a vontade de Deus, não vivendo segundo a carne, mas segundo o Espírito de Deus que mora em nós, conforme nos ensina a segunda leitura (Cf. Rm 8,9.11-13). O Apóstolo Paulo fala da vida cristã, segundo o Espírito, que se opõe à vida conforme a carne, que são as paixões desordenadas ou os instintos egoístas. “Portanto, irmãos, temos uma dívida, mas não para com a carne, para vivermos segundo a carne. Pois, se viverdes segundo a carne, morrereis, mas se, pelo espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis”(Cf. Rm 8,12-13)
O Papa Francisco resume bem a liturgia deste domingo: “Jesus indica onde ir: “Vinde a mim”. É sempre válido buscar um amigo ou um especialista quando estamos com um problema, mas não se deve esquecer Jesus. “Não nos esqueçamos de nos abrir a Ele e de contar-lhe a nossa vida, confiar-lhe as pessoas e as situações. Ele nos espera, não para resolver magicamente nossos problemas, mas para nos fortalecer neles. Jesus não tira os fardos da vida, mas a angústia do coração; não nos tira a cruz, mas a carrega conosco.”
Peçamos a Jesus a graça de nos abrir a Ele, porque Jesus convida a buscar n’Ele alivio, todos aqueles que estão aflitos sob o fardo pesado. Lembremos que muitos são os aflitos hodiernamente. Há muitas vidas ceifadas no trânsito, nas drogas, e por causa da violência; há muitas famílias com relacionamentos conflituosos e se separando; há muitas crianças sofridas; muitos jovens desempregados; há também idosos sem assistência adequada; tantos deficientes precisando de tantas coisas, para suas vidas se tornarem o mais normal possível; há ainda algumas doenças sem cura e, também caos na saúde; as dívidas se proliferam nas famílias, por incentivo de uma sociedade altamente consumista e, a corrupção cresce a cada dia. Precisamos descansar no Senhor. Pedir alívio a Ele. São tantos os fardos! Tantas aflições!
Não vamos desesperar. Mas nem tudo está perdido: há esperança para todos. Jesus nos diz: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei”. Nas chagas do Senhor iremos encontrar alívio para nossas dores. São João Paulo II explicou: “Nas suas chagas gloriosas, reconhecemos os sinais indeléveis da misericórdia infinita de Deus, de que fala o profeta: Jesus é Aquele que cura as feridas dos corações despedaçados, que defende os fracos e proclama a liberdade dos escravos, que consola todos os aflitos e concede-lhes o óleo da alegria em vez do hábito de luto, um cântico de louvor em vez de um coração triste” ( Is 61,1.2.3)
Procuremos a consolação, a cura e o alívio que só o Senhor pode nos dar através dessas divinas fontes: na frequência ao sacramento da Eucaristia, na perseverança de uma vida de oração, na leitura diária da Palavra de Deus.