Jesus não foi um teólogo no sentido que hoje damos ao termo. Mas isso não significa que não tenha sido claro sobre aquilo que pretendia transmitir aos que o ouviam. E, para isso, escolheu uma linguagem que sugeria mais do que dizia; que abria pistas para que as pessoas pudessem pensar por si mesmas. Ainda que não oferecesse um sistema fechado de pensamento. Sua mensagem fundamental foi o anúncio do Reino de Deus.
Mas, o que é o Reino? Surpreendentemente, Jesus jamais o diz. Gosta de falar do Reino por meio de comparações e parábolas. São comparações simples, facilmente compreensíveis pelos que o ouviam, quer fossem camponeses pobres na sua maioria, quer escribas e estudiosos da lei. Suas parábolas fazem referência a diversos aspectos do Reino. Mas nunca o definem de maneira completa. Seus ouvintes vão entendendo pouco a pouco. Quase poderíamos dizer que eles compreendem na medida em que querem entender. Porque é certo que alguns dos que foram ouvi-lo se afastaram dele julgando que aquele homem não fazia mais que contar histórias para crianças.
O Evangelho do décimo primeiro domingo do Tempo Comum nos rememora as parábolas de Jesus. Uma acentua o caráter misterioso do crescimento. O Reino se parece com a semente que o camponês espalha e que logo cresce, sem que ninguém saiba como, na escuridão da terra. Cresce e acaba por dar seu fruto. Tanto faz que o camponês esteja dormindo ou em vigília. Chegará o momento em que a única coisa que terá de fazer será guardar a colheita. A outra parábola diz que o Reino assemelha-se à semente de mostarda, a menor delas, que logo se torna árvore tão grande que até os pássaros buscam abrigo na planta nascida daquela semente. De igual maneira, o Reino crescerá até acolher todos os filhos de Deus, sem exceção.
É que o Reino é a obra de Deus que completa misteriosamente sua criação, contando com a colaboração do homem, com certeza, mas não apenas com ela, pois a graça de Deus atua até mesmo quando o homem dorme. Assim é o Reino, muito maior que a Igreja, que é apenas seu sinal visível.
Nós, cristãos, nos comprometemos a trabalhar a serviço do Reino, a preparar o campo para que receba a semente do Reino. E Deus será aquele que, muitas vezes sem percebermos, fará com que cresça em lugares e formas que não podemos imaginar, pois o campo de Deus é o mundo e a semente é a planta nos corações de todas as pessoas que são seus filhos e filhas. Por isso, nós, cristãos, vivemos guiados pela fé. Hoje, talvez não vejamos o resultado da obra de Deus que constrói o Reino, mas estamos certos de que Ele a levará a bom termo. Até que chegue a sua plenitude.