As coisas nem sempre são fáceis, mas Deus nos mostrou na História – e nos mostra hoje – que é preciso ter perseverança e fidelidade a Ele
Muitos pensam que a Páscoa nasceu com a morte e ressurreição de Cristo. Mas esta é uma festa bem mais antiga do que imaginamos.
Hoje é fácil sabermos em que dia vai cair a Semana Santa, basta olharmos para o calendário. Melhor ainda se for uma daquelas agendas bíblicas que já marcam o dia certinho! Mas nem sempre foi assim.
Quando a Páscoa surgiu não havia um calendário como nós temos hoje, que é chamado de calendário gregoriano (cristão) – está baseado no movimento da Terra. Os judeus utilizavam uma espécie de calendário baseado nas estações do ano, conhecido como calendário lunar (hebraico) – está baseado no movimento da lua.
A data da Páscoa foi definida, para os judeus, no mês conhecido como Nisan, que era o tempo da primavera e da lua cheia. Nesta época a cevada estava madura. Então era tempo de fazer pão com a cevada antiga para que, quando a nova fosse colhida, o sabor desta fosse realçado.
Na primavera as cevadas mais belas ficavam no alto dos montes, por isso o pastor tinha que levar as ovelhas para pastar lá encima; e então ele aproveitava para trazer alguns feixes de cevada para casa. Durante a dura viagem o pastor pedia ajuda para Deus a fim de que Ele protegesse suas ovelhas. E, em forma de agradecimento, o pastor sacrificava uma ovelha para o Senhor.
Esta é a primeira Páscoa, quando o pastor precisa fazer a pesha (passagem) da planície para o monte e, como agradecimento pela ajuda de Deus na “passagem”, sacrifica um cordeiro.
A segunda Páscoa é aquela que relembramos no Sábado Santo. A Páscoa do “povo escolhido”. Aqui temos presente o livro do Êxodo (12, 1-18): só será salvo quem tiver aspergido o sangue do cordeiro na porta de casa e estiver em paz com o vizinho. Mas como assim “em paz com o vizinho”? A passagem bíblica diz que era para dividir o cordeiro com o vizinho. Mas os judeus tinham um negócio chamado “comunhão de mesa”. Você só senta à mesa com o fulano se estiver em paz com ele. É o mesmo princípio da Missa, é salvo aquele que estiver com Cristo (Cordeiro de Deus) e em paz com o próximo.
Não basta, porém, ser aspergido com o sangue e não ter inimizade com as pessoas. É preciso sair de casa e ir para o deserto, em busca da terra prometida. Esta é a segunda páscoa: saio do Egito para ir ao deserto. É a pesha de um lugar seguro para um lugar desconhecido e perigoso, que me deixa com apenas uma escolha: confiar em Deus.
E a terceira páscoa e definitiva é aquela que Cristo, o Cordeiro de Deus, trouxe. Lembremo-nos do início da Celebração do Sábado Santo, quando o Sírio Pascal entra na igreja. Cristo vai à frente (como o Sírio) e nós todos vamos atrás. Ele vai sozinho, no meio do escuro. E, nós seguimos o Senhor, porque sabemos que não tem buraco algum, apenas escuridão. Ele foi primeiro. Esta é a pesha, a passagem das trevas para a luz, do pecado para o amor supremo.
Na nossa vida constantemente somos chamados a deixar a comodidade da nossa casa e subir a montanha, deixar o Egito e ir para o deserto e deixar Nazaré e ir pra Cruz. Mas, esse não é o fim pra nós que somos cristãos. Vamos à montanha, mas descemos com comida nova; vamos para o deserto, mas chegamos à terra prometida e, vamos para a cruz, mas ressuscitamos.
As coisas nem sempre são fáceis, mas Deus nos mostrou na História – e nos mostra hoje – que é preciso ter perseverança e fidelidade a Ele e, quando menos esperarmos, um novo dia vai surgir em nossa vida.
Fonte: Aleteia
Local: São Paulo