VATICANO, (ACI).- Durante a coletiva de imprensa no domingo, 2 de outubro, como costuma fazer na volta das suas viagens internacionais, o Papa Francisco respondeu a uma pergunta a respeito do acompanhamento às pessoas transexuais.
A seguir, a pergunta do jornalista e a resposta completa do Santo Padre na qual também fala acerca da ideologia de gênero:
Josh McElwee, do National Catholic Reporter: Obrigado Santo Padre. Nesse mesmo discurso de ontem na Geórgia, falou como em muitos outros países, da teoria de gênero, dizendo que é a grande inimiga e uma ameaça contra o matrimônio. Mas eu gostaria de perguntar o que diria a uma pessoa que sofreu por anos com sua sexualidade? Se realmente sente que é um problema biológico que seu aspecto físico não corresponde ao que ele ou ela considera sua identidade sexual. O senhor, como pastor e ministro, como acompanharia a estas pessoas?
Papa Francisco: “Antes de tudo, acompanhei na minha vida de sacerdote, de bispo e até de Papa pessoas com tendência e também com prática homossexual. Eu as acompanhei e aproximei do Senhor, alguns não podiam, mas acompanhei e nunca abandonei ninguém, que isto fique claro.
As pessoas devem ser acompanhadas como as acompanha Jesus. Quando uma pessoa tem essa condição e chega diante de Jesus, o Senhor não lhe dirá: Vai embora porque você é homossexual! Não!
Eu me referi sobre a maldade que se faz hoje com a doutrinação da teoria de gênero.
Um pai francês me contou que falava na mesa com os filhos – católicos eles e a esposa, católicos não tão comprometidos, mas católicos – e perguntou ao menino de 10 anos: ‘O que quer ser quando crescer? ’ ‘Uma menina’.
O pai notou que o livro da escola ensinava a teoria de gênero e isso vai contra as coisas naturais. Uma coisa é a pessoa ter essa tendência, essa opção, e também quem muda de sexo. Outra coisa é ensinar nas escolas esta linha para mudar a mentalidade. Isso eu chamo de colonizações ideológicas.
No ano passado, recebi uma carta de um espanhol que me cantou sua história de que era criança e jovem. Era uma menina, uma moça. Sofreu muito porque se sentia rapaz, mas fisicamente era uma moça.
Contou para a sua mãe, aos 20, 22 anos, e disse que tinha vontade de fazer a intervenção cirúrgica; a sua mãe pediu por favor para não fazê-la enquanto ela estivesse viva, e a senhora morreu de repente.
Fez a intervenção, é um funcionário de um ministério de uma cidade da Espanha, e foi visitar o bispo que o acompanhou muito. Um bom bispo que ‘perdia tempo’ para acompanhar este homem.
Em seguida, se casou, mudou sua identidade civil e me escreveu uma carta dizendo que para ele era um consolo vir com a sua esposa. Ele que era ela, que é ele, e os recebi. Estavam contentes.
No bairro onde ele vivia, havia um sacerdote de 80 anos, um pároco idoso de 80 anos que tinha deixado a paróquia e ajudava as religiosas deste local. E chegou um pároco novo. Quando o novo o via, gritava da calçada: ‘Você irá ao inferno’, quando encontrava o sacerdote idoso ele lhe perguntava: ‘há quanto você não se confessa? Posso te confessar para que você possa receber a comunhão’. Entendeu?
A vida é a vida e as coisas se devem tomar como vêm. O pecado é pecado e as tendências ou desequilíbrios hormonais causam muitos problemas e devemos estar atentos a não dizer: É tudo a mesma coisa ou façamos festa. Não. Isto não.
Mas acolher, acompanhar, estudar, discernir e integrar cada caso. Isto é o que faria Jesus hoje.
Por favor não digam: ‘o Papa santificará os trans’. Por favor! Porque já vejo as manchetes dos jornais. Não. Se houver alguma dúvida acerca do que disse, quero ser claro: é um problema de moral, é um problema humano e deve ser resolvido como é possível, sempre com a misericórdia de Deus, com a verdade, como falamos no caso do matrimônio, lendo toda a Amoris Laetitia. Sempre assim, com o coração aberto.
Fonte: Acidigital