O poder de Deus e da Igreja é o do amor e da sinodalidade!

             Chegamos ao último domingo do mês vocacional, em que a Igreja nos chama a refletir sobre a importância do nosso batismo, do papel fundamental dos leigos e leigas em uma Igreja em saída, particularmente na gratidão pelo trabalho generoso pelo ministério de nossos catequistas. No centro da reflexão que a liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum nos propõe, estão dois temas à volta dos quais se constrói e se estrutura toda a existência cristã: Cristo e a Igreja.

    O Evangelho – Mt 16,13-20 – convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-n’O como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece. A esperança messiânica judaica, no tempo de Jesus, girava em torno do reaparecimento de um dos grandes profetas como preparação para a vinda do Messias. Nessa perspectiva, a resposta aos Discípulos à primeira questão posta por Jesus conecta-se com tal esperança. As pessoas estavam pensando que Jesus seria João Batista, Elias, Jeremias ou algum dos profetas. A segunda pergunta de Jesus, com relação à sua identidade, é dirigida diretamente à pequena comunidade. Pedro toma a palavra e responde por si e pelo grupo. É a primeira vez no Evangelho de Mateus que um ser humano, mais ainda, um ser humano discípulo, confessa tanto o messianismo quanto a filiação divina de Jesus. Jesus elogia a Pedro, chamando-o de feliz. No texto original grego do Evangelho, a palavra aqui traduzida por “feliz” é “makários”, que, em sentido mais exato, é “bem-aventurado”. Trata-se da bem-aventurança da fé. Pedro confessa, movido pela fé e não por raciocínio humano. Pela fé lhe é revelada a identidade de Jesus. Além de lhe conferir o título de Pedra, sobre a qual a Igreja-comunidade será sustentada, concede-lhe as chaves do Reino dos céus. Por isso, em primeiro lugar, as forças malignas não poderão vencer a Igreja e, em segundo lugar, a Igreja na pessoa de Pedro, recebe a capacidade, como dom de Jesus, de decisão, nas diversas circunstâncias da história. “Ligar e desligar na terra” diz respeito a decisões, sobre a missão e sobre a vida comunitária, tomadas em comunhão e em sinodalidade pela Igreja, sendo ratificados por Deus, “nos céus”. Por isso, nos momentos mais difíceis da Igreja, somos chamados à sinodalidade e à comunhão.

    A primeira leitura – Is 22,19-23 – mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça. Eliacim é nomeado administrador da casa de Davi no lugar de outro administrador desonesto, que não agiu como devia. O profeta mostra que quem não governa com justiça em favor do povo deve ser destituído do poder, não deve permanecer no governo. Todos os que recebem as “chaves da autoridade” devem ser como um “pai” que zela pelos filhos e se torna responsável por dirigir com justiça sua “casa” (a nação).

    A segunda leitura – Rm 11,33-36 – é um convite a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, de forma misteriosa e às vezes desconcertante, realiza os seus projetos de salvação do homem. Ao homem resta entregar-se confiadamente nas mãos de Deus e deixar que o seu espanto, reconhecimento e adoração se transformem num hino de amor e de louvor ao Deus salvador e libertador. Embora o povo não se mantenha fiel à aliança com Deus, este continua fiel, pois seu amor é para sempre e para todos. O apóstolo Paulo eleva um hino de louvo ao projeto de Deus, que envolve amorosamente a todos. Reconhece a sabedoria e o governo divino, que deveriam ser exemplo para toda autoridade, sem excluir ninguém.

    Muitos, equivocadamente, dentro da Igreja pensam no falso poder da força. Ninguém está imune à força do poder. Por isso Jesus se apresenta aos apóstolos não como o poder da força, meramente humano, mas com o poder do amor, genuinamente trinitário. Reconhecer Jesus como o Senhor é não se conformar com à força do poder que domina e excluí.

    O verdadeiro poder na Igreja é o do amor. A força do amor é bem diferente do poder da força mundano. O poder do amor tem seu ápice da cruz. Aí reside o segredo do mistério da força do amor. Cabe à comunidade cristã ser sinal autêntico, alternativa para um novo mundo, baseado em valores humanizadores, a qual nos ajude a experimentar o céu desde agora. A nossa fé tem que ser superior ao poder das palavras e se exprime na confiança de Deus, o único eu pode dar a segurança de uma rocha, sobre a qual a comunidade é construída. A Deus tudo pertence, mas a nós ele confiou a missão de assumir o projeto de seu Reino pelo poder do amor de Deus, na pessoa de Jesus! O poder verdadeiro é sempre amor e caridade!

    Rezemos, com muito entusiasmo, por todos os ministérios a vida da Igreja, particularmente, pelos catequistas. O trabalho precioso dos catequistas é de transmissão da fé! Deus abençoe todos os nossos catequistas!

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here