Segundo o governo afegão, casas de barro espalhadas pelas encostas desabaram e vilarejos inteiros foram destruídos.
Andressa Collet – Vatican News
“Profundamente entristecido pela significativa perda de vidas”, o Papa Leão XIV enviou nesta segunda-feira (01/09) um telegrama ao Afeganistão onde equipes de resgate trabalham no resgate de vítimas sob os escombros de um terremoto de magnitude 6.0 que atingiu a província de Kunar, no leste do país, com histórico de tremores e enchentes, e numa região de difícil acesso. A mensagem do Pontífice foi assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin.
O Papa disse rezar fervorosamente pelas almas dos falecidos, dos feridos e por aqueles que ainda estão desaparecidos, confiando ao Senhor todos os atingidos pelo desastre registrado na noite deste domingo (31/08). Segundo informações das agências de notícias, mais de 800 pessoas morreram e quase 3 mil ficaram feridas. Leão XIV ainda expressou “sincera solidariedade, em particular, àqueles que choram a perda de entes queridos e às equipes de emergência e autoridades civis envolvidas nos esforços de resgate e recuperação. Neste momento difícil para a nação”, finalizou o telegrama, o Pontífice invocou “sobre o povo afegão as bênçãos divinas de consolo e força”.
Um dos piores desastres do país
O que aconteceu às 23h47 deste domingo (31/08), com um terremoto de magnitude 6.0 e epicentro a 27 quilômetros a nordeste da cidade de Jalalabad, é um desastre natural de proporções inimagináveis e de peso praticamente insustentável para o Estado liderado pelo Talibã, que já enfrenta várias situações de crise humanitária, entre as quais, a gestão de milhões de refugiados expulsos do Irã e do Paquistão. O porta-voz do Ministério da Saúde, Sharafat Zaman, lançou um apelo pedindo ajuda da comunidade internacional para enfrentar o desastre causado pelo terremoto.
Resgates difíceis
Os socorristas têm dificuldade em chegar às áreas afetadas nessas regiões montanhosas na fronteira com o Paquistão, isoladas de qualquer tipo de comunicação. O Ministério da Saúde informou que já mobilizou todos os recursos disponíveis para tentar levar socorro e bens de primeira necessidade às pessoas afetadas. As imagens divulgadas pela agência de notícias Reuters Television mostram helicópteros fazendo o transporte de ida e volta aos hospitais. As equipes de resgate militares estão reduzidas ao mínimo, anunciou o Ministério da Defesa, que conseguiu realizar cerca de 40 voos para transportar um total de 420 mortos e feridos.
Situação humanitária extremamente grave
Este é o terceiro terremoto catastrófico no Afeganistão desde que os talibãs voltaram ao poder em 2021, após a retirada das forças internacionais e o corte do financiamento governamental. O financiamento humanitário também caiu. As agências humanitárias internacionais denunciam a crise esquecida do Afeganistão, onde mais da metade da população precisa de ajuda urgente. Até o momento, segundo o Ministério das Relações Exteriores do país, nenhum governo se prontificou a garantir a ajuda necessária para socorrer a população afetada.
Em uma postagem na rede social X, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, declarou que os funcionários da ONU presentes no Afeganistão estão trabalhando para fornecer assistência inicial. Também em uma postagem na plataforma social, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, expressou esperança para que “a comunidade de doadores não hesite em apoiar os esforços de socorro”.