Andressa Collet – Vatican News
O Papa Francisco recebeu “com pesar a notícia da morte do venerado irmão cardeal Alexandre do Nascimento”, arcebispo emérito de Luanda, ocorrida no último sábado, 28 de setembro, aos 99 anos de idade. Ele estava internado em um hospital da capital da Angola. O Pontífice enviou um telegrama – escrito em português – ao arcebispo Filomeno do Nascimento Vieira Dias, dirigindo uma mensagem de solidariedade aos bispos auxiliares, ao clero, às comunidades religiosas, fiéis e familiares pela “partida de tão ilustre pastor”:
“Recordo os cuidados dispensados pelo querido dom Alexandre ao seu rebanho, em tempos conturbados e difíceis, tendo sido para todos expressão do rosto misericordioso de Jesus, bom samaritano da humanidade. A fé em Cristo e a esperança na vida eterna fizeram dele um homem corajoso e livre, capaz de orientar os seus passos em prol do bem comum, tendo inclusive colaborado com esta sede apostólica no seu zelo em favor dos mais pobres e necessitados, ao guiar os rumos da Cáritas Internacional.”
A longa vida do cardeal angolano
De fato, dom Alexandre do Nascimento foi presidente da Caritas Internacional em 1983 e re-eleito em 1987. Também era considerado o mais idoso membro do Colégio dos Cardeais, tendo nascido em 1 de março de 1925, em Malanje, em Angola. A Igreja local inclusive se preparava para comemorar um duplo jubileu em 2025: os 100 anos de vida do cardeal e os 50 anos de episcopado.
Dom Alexandre foi um dos purpurados que conduziram a Igreja africana ao novo milênio. Um homem que também viu um possível fim violento pela frente, quando em 15 de outubro de 1982 foi sequestrado – durante uma visita pastoral – por um grupo de homens armados, que o libertaram em 16 de novembro seguinte. João Paulo II havia feito um apelo pela libertação do bispo angolano no Angelus de domingo, 31 de outubro, para, no ano seguinte, em 1983, conferir a púrpura cardinalícia.
Durante a Quaresma de 1984, dom Alexandre pregou os exercícios espirituais no Vaticano para a Cúria Romana, com a presença de João Paulo II. Tornou-se arcebispo de Luanda em 16 de fevereiro de 1986 e governou a arquidiocese até 23 de janeiro de 2001.
A despedida ao homem da caridade e promotor da paz
“Por tudo quanto o senhor realizou nele e por meio dele, dou graças a Deus”, escreveu o Papa Francisco no telegrama, “implorando-lhe que envolva com a luz da misericórdia este seu fiel servo e lhe abra as portas da vida em plenitude, ao mesmo tempo que concedo de coração, a todos quantos participam nas exéquias, a minha bênção”. Além da “comunhão da oração” do Pontífice “para que a ninguém falte o conforto da ressurreição”, o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), dom José Manuel Imbamba, também lamentou a morte de dom Alexandre, enaltecendo o profundo legado do cardeal considerado por muitos como humanista, homem da caridade e promotor da paz e reconciliação.