O Papa Leão XIV com os moderadores das Associações de Fiéis dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Leão XIV recebeu em audiência, nesta sexta-feira (06/06), no Vaticano, os moderadores de Associações de Fiéis, de Movimentos Eclesiais e de Novas Comunidades, reconhecidas ou erigidas pela Santa Sé, por ocasião do encontro anual organizado pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
Vocês representam milhares de pessoas que vivem sua experiência de fé e seu apostolado dentro de associações, movimentos e comunidades. Portanto, em primeiro lugar, gostaria de lhes agradecer pelo serviço de orientação e animação que realizam.
“Os grupos aos quais vocês pertencem são muito diferentes uns dos outros, por natureza e história, e todos são importantes para a Igreja”, disse ainda o Papa. “Alguns nasceram para compartilhar um propósito apostólico, caritativo, de culto, ou para apoiar o testemunho cristão em ambientes sociais específicos. Outros, no entanto, originaram-se de uma inspiração carismática, um carisma inicial que deu vida a um movimento, a uma nova forma de espiritualidade e evangelização”, sublinhou.
Tudo na Igreja é entendido em referência à graça
Leão XIV recordou que “no desejo de associação, que deu origem ao primeiro tipo de agregação, encontramos uma característica essencial: ninguém é cristão sozinho! Fazemos parte de um povo, de um corpo que o Senhor constituiu”. A seguir, citou as palavras de Santo Agostinho a propósito dos primeiros discípulos de Jesus: «Eles certamente se tornaram templo de Deus, e não apenas como indivíduos, mas todos juntos se tornaram templo de Deus».
“A vida cristã não se vive isoladamente, como se fosse uma aventura intelectual ou sentimental, confinada em nossa mente e no nosso coração. Ela se vive com os outros, em grupo, em comunidade, porque Cristo ressuscitado se faz presente entre os discípulos reunidos em seu nome”, sublinhou.
Sem carismas, corre-se o risco de que a graça de Cristo, oferecida em abundância, não encontre o terreno fértil para recebê-la! É por isso que Deus suscita carismas, para que estes despertem nos corações o desejo de encontrar Cristo, a sede da vida divina que Ele nos oferece, numa palavra, a graça!
Ser fermento de unidade
O Pontífice reiterou, na esteira de seus predecessores e com o Magistério da Igreja, especialmente a partir do Concílio Vaticano II, “que os dons hierárquicos e os dons carismáticos «são coessenciais à constituição divina da Igreja fundada por Jesus»”.
A seguir, Leão XIV disse que “unidade e missão são dois pilares da vida da Igreja e duas prioridades no ministério petrino. Por isso, convido todas as associações e movimentos eclesiais a colaborarem fiel e generosamente com o Papa, especialmente nestas duas áreas”.
O Papa os convidou a “ser fermento de unidade“, pois eles “experimentam continuamente a comunhão espiritual que os une. É a comunhão que o Espírito Santo cria na Igreja. É uma unidade que tem seu fundamento em Cristo: Ele nos atrai, nos atrai a si e, assim, nos une também entre nós”.
Segundo Leão XIV, esta unidade que eles vivem em grupos e comunidades, estende-se “na comunhão com os Pastores da Igreja, na proximidade com outras realidades eclesiais, fazendo-os próximos das pessoas que encontram, para que os seus carismas permaneçam sempre a serviço da unidade da Igreja e sejam eles mesmos «fermento de unidade, de comunhão e de fraternidade» num mundo tão dilacerado pela discórdia e pela violência”.
Manter vivo o impulso missionário
A propósito da missão, o Papa disse que ela marcou a sua experiência pastoral e moldou a sua vida espiritual. “Vocês também viveram este caminho. Do encontro com o Senhor, da vida nova que invadiu o seu coração, nasceu o desejo de fazê-lo conhecido. Vocês envolveram muitas pessoas, dedicaram muito tempo, entusiasmo e energia para fazer o Evangelho conhecido nos lugares mais distantes, nos ambientes mais difíceis, suportando dificuldades e fracassos”.
“Coloquem seus talentos a serviço da missão, tanto nos lugares de primeira evangelização quanto nas paróquias e estruturas eclesiais locais, para alcançar muitos que estão distantes e, às vezes sem saber, aguardam a Palavra da vida. Mantenham sempre o Senhor Jesus no centro! Este é o essencial, e os carismas servem a esse propósito. O carisma é funcional ao encontro com Cristo, ao crescimento e ao amadurecimento humano e espiritual das pessoas, à edificação da Igreja”, concluiu.