Há muitos tipos de pão. Talvez porque haja muitos tipos de fome. Há pessoas que, por viverem pensado e desejando tanto o alimento de amanhã, se esquecem de aproveitar o pão que têm diante de si nesse momento. Ou, talvez chorem porque ontem não houve pão, sem perceber o banquete que está preparado na sua frente. Há, também, os que são capazes de se preocupar com seus próprios estômagos, incapazes de perceber que há irmãos e irmãs próximos que carecem do pão necessário.
A maioria da humanidade trabalha arduamente todos os dias para conseguir pão. Arroz, milho, necessários para sobreviver, para poder chegar ao dia seguinte. Geralmente, são esses que sabem se alegrar, agradecer e desfrutar a cada dia o alimento que têm na mesa seja fruto do seu trabalho ou presente.
Os que haviam comido do pão dado por Jesus foram buscá-lo quando perceberam que havia desaparecido. Estavam satisfeitos, pois aquele pão era muito delicioso. Para aqueles cuja vida significava apenas luta e sofrimento, o fato de serem presenteados com semelhante banquete – um pouco de pão e de peixe – foi motivo suficiente para irem procurar quem lhes dera tão grande dádiva. Por isso, foram atrás de Jesus.
Com certeza, aqueles que buscavam Jesus, sobre os quais nos fala o Evangelho do décimo oitavo domingo do Tempo Comum, não entenderam, inicialmente, o que significa dizer que Jesus era o pão da vida. O que eles entendiam claramente era que o pão e o pescado dados por Jesus lhes tinham saciado a fome e permitido dormir bem. E o entendiam completamente porque sentiam fome. Seria necessário um longo processo até que chegassem a passar da fome física para a fome de vida, que era o que Jesus lhes estava oferecendo. No entanto, ao menos o primeiro passo já havia sido dado. Pelo contrário, aqueles que não sentem fome desprezam o pão e os que estão saciados não precisam de nada. Jesus pode estar em suas vidas mas não passará de mais um enfeite.
Não é uma imagem que vai provar que Jesus está no meio de nós. Ela é apenas uma lembrança, um retrato. O que Jesus quer nos dar é a sua presença real, corpo, alma e divindade para vivermos a plenitude do amor. É este realmente o pão da vida que sacia a nossa fome e sede do Infinito.