De todos os segredos e mistérios que cercam a existência humana nenhum é maior e mais inexplicável do que a Trindade e a Unidade de um Deus. Este que dizemos ser Uno e Trino, Criador e Redentor, Pai, Filho e Espirito Santo, um ser em três pessoas. Qual seu segredo, origem, mistério? Tentar explicar ou entender com nossa limitada sabedoria tamanho mistério e tão inefável segredo é próprio do animal humano que sequer sua existência é capaz de entender ou explicar. Então nos sobra a mais óbvia e inspirada definição, vinda da boca de um santo, não um qualquer, mas João, aquele que Jesus amava: Deus é Amor.. e ponto!
Desde então, foram muitos os santos que se debruçaram sobre esse mistério, tentando, à luz das ciências e compreensões humanas, por um basta sobre o assunto. Dentre eles, o que mais ocupou seu tempo com teorias, teses e palavreado infindável foi Santo Agostinho, venerando doutor da Igreja. Além de suas Confissões, uma obra onde expos toda sua fragilidade e pequenez humana diante de Deus, escreveu também Trindade, uma obra volumosa, ótimo “tijolo” para se calçar uma porta aberta. Brincadeira minha. Ironias à parte, foi exatamente ao final dessa obra que Agostinho melhor se aproximou de uma explicação mais sensata.
Dizia o doutor da Igreja, teólogo e um dos maiores pensadores da era cristã, ser necessário crer para compreender, mas igualmente compreender para crer. Assim, textualmente, um dia afirmou: “É pela razão que podemos obter a certeza de que Deus existe e é uma natureza eterna e imutável”. Aqui fé e razão entram em pauta nas discussões humanas. Mesmo assim, como explicar a Trindade? Eis seu maior dilema, um assunto que, literalmente, iria morrer na praia… isso mesmo! Estando o grande pensador em uma praia deserta, onde sempre buscava introspecção e intimidade com Deus, eis que um menino lhe tirou a atenção com um passatempo bem típico de qualquer criança. Indo e vindo sem cessar, do mar para a areia e da areia para o mar, o menino enchia um recipiente com a água do mar e a depositava cuidadosamente num buraco feito à mão na imensidão daquela praia. Intrigado com a cena, Agostinho interrogou a criança:
– Que fazes menino?
– Estou mudando o mar para esse buraco…
– Não vês ser isso impossível?
Então, com um olhar angelical, mais para piedoso do que para inocente, o menino se revelou um enviado celestial para lhe dar a resposta que buscava e que concluiria seu volumoso estudo sobre as verdades divinas
– Isso é fácil. Impossível mesmo é compreender e explicar o mistério da Santíssima Trindade.