Neste domingo, 29 de dezembro de 2024, a Igreja Católica inicia, no âmbito das Igrejas Particulares em todo o mundo, o Jubileu da Esperança, um momento especial de graça, reconciliação e renovação espiritual. Este Ano Santo, proclamado pelo Papa Francisco, e solenemente aberto por ele em Roma na Vigília de Natal, em 24 de dezembro passado, é uma oportunidade única para os cristãos redescobrirem o valor da esperança como virtude que nos sustenta diante das adversidades e nos aproxima de Deus.
Com o tema “A esperança não confunde” (cf. Rm 5,5), o Jubileu convida cada fiel a se tornar um “Peregrino da Esperança”, vivendo a fé com confiança no amor de Deus, que nunca nos abandona.
O conceito de Jubileu remonta à tradição bíblica, especialmente no livro do Levítico (Lv 25), onde Deus ordena ao povo de Israel um tempo de libertação, perdão das dívidas e descanso para a terra. Era um ano santo, marcado pela reconciliação e pela restauração da justiça.
Na tradição cristã, o Jubileu mantém essa essência, sendo um tempo especial para buscar a conversão, experimentar a misericórdia divina e renovar o compromisso com os ensinamentos de Cristo. O Jubileu da Esperança, em particular, nos desafia a olhar para o futuro com confiança, mesmo em meio às dificuldades do mundo atual.
A esperança é uma das virtudes teologais, juntamente com a fé e a caridade. Ela nos conecta à promessa de Deus, sustentando-nos diante das tribulações. Como diz São Paulo:
“A esperança não confunde, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
Neste Jubileu, somos chamados a refletir sobre o significado profundo dessa esperança. Não se trata de um otimismo superficial ou de um desejo passageiro, mas de uma confiança sólida e inabalável em Deus, que cumpre Suas promessas.
Em um mundo marcado por guerras, crises sociais e desigualdades, o Jubileu nos lembra que Deus continua presente na história, conduzindo-nos para a plenitude de Seu Reino.
A abertura da Porta Santa em Roma e as peregrinações nas catedrais ao redor do mundo é um gesto carregado de simbolismo. Ao atravessar essa porta, que estão nas quatro basílicas maiores de Roma, cada fiel é convidado a renovar sua vida, deixando para trás o pecado e abraçando a graça de Deus.
O ato de atravessar a Porta Santa nos lembra que Cristo é a porta que nos conduz ao Pai (cf. Jo 10,9). Ele nos convida a caminhar em Sua direção, confiando em Sua misericórdia e permitindo que Sua luz transforme nossas vidas.
Reflexões para Viver o Jubileu
- Reconciliar-se com Deus e com o próximo: O Jubileu é um tempo propício para o Sacramento da Confissão, onde experimentamos a misericórdia divina. Também é uma oportunidade para perdoar e buscar a reconciliação com aqueles que nos feriram.
- Praticar obras de misericórdia: O Papa Francisco nos lembra que a esperança se manifesta concretamente através da caridade. Ajudar os necessitados, consolar os aflitos e promover a justiça são formas de viver o espírito jubilar.
- Renovar a fé na Palavra de Deus: Neste Ano Santo, somos chamados a aprofundar nosso conhecimento das Escrituras, encontrando nelas a fonte de nossa esperança.
- Ser testemunhas da esperança: Em um mundo marcado pelo desespero, os cristãos são chamados a ser luz e sinal de esperança. Isso significa viver com alegria, confiando na providência divina e compartilhando a boa nova do Evangelho.
O Jubileu da Esperança não é apenas um evento litúrgico; é um chamado à transformação pessoal e comunitária. Ele nos desafia a renovar nossa confiança em Deus, a viver com alegria e a sermos agentes de esperança em um mundo que tanto necessita.
Que este Ano Santo seja um tempo de profunda conversão, de reencontro com o amor de Deus e de compromisso com a construção de um mundo mais justo e fraterno.
Que Maria, Mãe da Boa Esperança, nos acompanhe nesta caminhada jubilar, intercedendo por nós e nos ajudando a sermos testemunhas vivas da esperança que não confunde. Amém.
+Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)