O FASCÍNIO DO PAPA FRANCISCO

Uma característica marcante na pessoa do papa Francisco foi o seu senso de paternidade responsável. Durante os doze anos de seu   pontificado essa foi sempre a sua marca: viver e exercer o seu ministério com um “coração de pai”.

Suas palavras e atitudes sempre estiveram voltadas para os fragilizados e desvalidos do nosso mundo. Sua opção preferencial pelos pobres era imbuída da mística da misericórdia espelhada na figura do Bom Pastor. Sua catequese, seus escritos e mensagens eram frutos da sua prática pastoral encarnada na sofrida realidade do povo. Seu pastoreio tinha o cheiro das ovelhas, suas mãos e pés calejados eram sinais da sua entrega incondicional à causa que tinha abraçado.

O Papa Francisco foi um homem de fé e coragem, que despertou as consciências dos cristãos acomodados e indiferentes aos desafios do mundo de hoje. Sem medo de ser julgado e condenado,  lutou contra o sistema idólatra e excludente que abriu um profundo abismo entre as classes sociais: de um lado os abastados detentores do poder e do dinheiro, de outro os miseráveis, destituídos de toda dignidade e valor como seres humanos,   massas empobrecidas sendo conduzidas como ovelhas, vitimas a  serem descartadas no cemitério dos oceanos – nas malogradas travessias em busca de uma pátria que os acolhesse – ou abandonadas em meio aos escombros, restos mortais das cidades destruídas pelas guerras.

Sob o clamor dos flagelados, dos imigrantes, das minorias consideradas  “diferentes”, vítimas do racismo, do preconceito religioso e da sexualidade…, sob o gemido dessa massa de excluídos por um sistema dominado pelos déspotas detentores do poder politico, econômico e religioso  do mundo de hoje, o Papa Francisco se lançou ao desafio de governar a Igreja de baixo para cima, isto é, com prioridade aos pequenos e fragilizados. Por isso se tornou conhecido como o Papa com “os pés no chão, o coração em Deus e o olhar nos irmãos e irmãs”.

Com o coração atento a esse clamor do povo excluído, o Papa,  impulsionado  pelo Espirito Santo, abraçou o ideal de uma Igreja em Saída, o que vale dizer  “descer da sua Cátedra Papal, tomar nas mãos bacia e toalha, ajoelhar-se diante desses irmãos despojados de sua dignidade humana e lavar os seus pés, pedindo-lhes perdão por toda  omissão, indiferença e abandono de que eram vítimas.”

Eis o Papa Francisco, Profeta e Peregrino da Esperança. Por onde passou e com quem se encontrou –  em especial as maiores autoridades do mundo –,  deu, com o seu jeito simples e seu modo de vida destituído de toda pompa  e ostentação, o exemplo para que os governantes governem como servos e não como senhores e donos do mundo.

Deixou um legado fortalecido por uma nova visão de Igreja. Uma Igreja mais humana, alegre, serva, misericordiosa e comprometida com a causa de Jesus Cristo: a construção do Reino de Deus. O Papa do fim do mundo passou entre nós e, como a Estrela de Belém nos ensinou a buscar e encontrar Jesus nas periferias do mundo, nos bolsões das nossas cidades.

Seu grito profético continuará a ecoar pelos quatro cantos do mundo nos conclamando a ser os Guardiões da Criação (Laudate Si) e os Peregrinos da Esperança (neste Ano Jubilar). Sua presença estará entre nós revestida dessa “paternidade responsável”, nos impulsionando a continuar a trabalhar como discípulos e missionários de Jesus Cristo Ressuscitado, para a edificação de uma Igreja Sinodal (caminhar juntos), comprometida com a defesa da vida, em todas as dimensões, e onde todas as pessoas tenham: Pão, Trabalho e Moradia. Esse era o grande sonho do Papa Francisco, expressado no seu lema papal: “Mirando Atque Eligendo” (Olhou-o com misericórdia e o escolheu).

Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio

Assessor da Pastoral Carcerária

Arquidiocese de Campinas–SP

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