Tentar entender o mistério da Santíssima Trindade é a mais cabal prova da petulância humana diante de Deus. Sequer entendemos o mistério, a razão da nossa existência! Então mistério é mistério; se respeita até que a graça, o dom da sabedoria e do entendimento nos permitam penetrar, aceitar, venerar e, oxalá, um dia compreender. O fato que hoje temos é que o Espírito de Deus age em nós através das revelações de seu Filho, sob as bênçãos do Pai que nos ama e governa. Portanto, “toda autoridade me foi dada”… Portanto, “ide e fazei discípulos”… Portanto, “estarei convosco todos os dias”… (Mt 28,16-20).
Eis o tripé da nossa missão! Acreditar na autoridade divina, fazer novos discípulos e observar seus mandamentos, suas ordens. Sem isso, perdemos a razão do existir, tornando-nos bestas-feras, órfãos de pai e de mãe, incapazes de dar um significado maior à razão da nossa existência e, principalmente, à missão nela embutida. O que não podemos ignorar é que a missão redentora de Cristo agora também é nossa.. Que Ele continua a agir, “está no meio de nós”, mas sua autoridade missionária emana do Pai e usa de seu Espírito santificador para também agirmos como outros Cristos no mundo, dando continuidade à obra da restauração humana. “Sem mim nada podeis fazer”, nos lembrou um dia. Mas cruzar os braços diante de tanto a se fazer é ignorar sua presença e sua ação entre nós e em nós.
Esse é o grande desafio missionário da Igreja no mundo. Confiar nas promessas de Deus, “agir como Jesus agia, amar como Jesus amava”, conforme canta Pe. Zezinho , é deixar agir a Santíssima Trindade em nós, tornando-nos partícipes da construção do mundo novo que tanto sonhamos. Para isso, a inserção nossa no mistério da redenção e reconciliação humana com seu Criador exige a observância “de tudo o que vos ordenei”, nos ensina Jesus. Ou, como bem nos lembra o apóstolo: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm 8, 16-17). Também participamos da comunhão trinitária, do mistério que reconcilia criatura e Criador. Louvado seja Deus. Louvado sejam seus filhos diletos! Louvado seu espírito santificador, capaz de nos fazer agentes de transformação, outros cristos, semideuses num mundo que dele se distancia.
O mistério da Santíssima Trindade deixará de ser esse mistério todo quando a criatura aceitar sua total dependência da seiva criadora, aquela cujo “Espirito dá a vida e procede do Pai e do Filho”. A unção pentecostal nos prova a necessidade de também vivenciarmos essa experiência trinitária entre nós. Corpo, alma e graça santificante. Nosso corpo, nossa realidade temporal. Nossa alma, o maior dos tesouros dos que se descobrem “filhos” diletos do Pai. E a graça santificante, a força espiritual que um dia livrará nossos corpos e almas da condenação eterna. Assim alcançaremos a plenitude da vida trinitária em Deus. E nova vida…”a vida do mundo que há de vir”.