O encontro Doloroso da Virgem com seu filho a caminho do Calvário

    A chamada “Procissão do encontro” de Nossa Senhora com o Senhor Morto, constitui uma rica tradição da Semana Santa em nossa Igreja. Nesta quarta-feira da Semana Santa encontramos essa piedade popular em grande parte de nossas paróquias.

    Esta tradição está ligada a Irmandade dos Passos, uma devoção herdada da piedade popular Portuguesa, da Igreja da Graça de Lisboa, porém é uma tradição que remota a idade média.  Cada local celebra conforme costume de cada comunidade, geralmente se celebra na quarta-feira santa.

    Esta procissão é uma expressão de devoção popular, fazendo memoria da dor e do desespero da Mãe que procura seu Filho até que a encontra na terceira via da estação cruel e dolorosa, podemos dizer a mais desumana da história. Ela alcança o rosto do seu filho, humilhado e ferido pelo peso do sofrimento humano. Ele carregou as nossas Dores.

    Maria é a Mãe que acompanha, que sofre no silencio, contemplando a dor de seu dileto filho, esta dor da Mãe torna-se uma linguagem extremamente fascinante de uma fé intensa e robusta, é uma referência aos mais sublimes amores, que jamais se poderá comparar.

    Maria, por sua parte, desta Igreja viva é a imagem perfeita e primeiro fruto, ela é a Mãe compassiva e amorosa, esteve sempre junto do seu filho desde Belém até o calvário. Foi uma companheira sem igual, jamais deixou o filho sozinho, com seu coração materno, seguiu os passos de seu filho comungando junto do seu sofrimento, abandono e desolação.

    E Maria guardava tudo em seu Coração, os segredos mais profundos de seu coração fiel compassivo é a mais perfeita expressão, o ícone da ternura feminina, e do mais atroz abraço materno de dor. Ela é destemida, a intrépida Virgem, nunca e jamais foi aterrorizada pelas ameaças nem oprimida pela perseguição, pois se manteve firme e fiel na fé, e na missão de seu Filho.

    A “loucura” da cruz (cf 1Co 1-2) foi o que resolveu positivamente o destino da humanidade, porque sancionou a derrota definitiva do pecado, e elevou a exaltação do Amor, “Na árvore da cruz maria estabeleceu a ponte da salvação do homem.

    O amor perpassado pela espada cruel de dor, da cruz que trespassara seu coração, foi a forma mais pura, granítica, e também dramática e violenta, foi ao mesmo tempo, a oferta da vida; um amor ainda mais credível porque viveu nas condições adversas de traição, negação, abandono, insulto desdenhoso e escárnio sarcástico, e precisamente por isso capaz de ferir até a dureza do coração tenha dito o Centurião: “Verdadeiramente ele era Filho de Deus “(Mt 27,54).

    Maria, a Mãe, sob a Cruz, sente a grandeza deste Amor e embeleza-o ainda mais com o seu sofrimento pessoal. Maria ama no sinal de lágrimas; não é um grito de desaprovação, não o tormento do desespero, não é a rebelião por uma perda muito preciosa, mas a participação sofrida pela obediência do Filho, no distanciamento exemplar e singular de toda pretensão de possessão.

    Maria ama em liberdade, ama em gratuidade, ama sem pretender dobrar a vontade de Deus às suas expectativas, ama renunciar às suas afeições humanas, deixar espaço para o drama do Sim.

    Maria não é obrigada a sofrer, pois Jesus não é obrigado a morrer na cruz; sob a cruz Maria vence a difícil aposta da gratuidade, e o seu choro materno mistura-se com o clamor de seu Filho. O choro de toda Mãe é precioso, quando se chora por amor e não por egoísmo.

    A dor de seguir junto do filho no caminho do Calvário é uma dor dupla, a do Filho e a da Mãe, por um só grande Amor incondicional. A Mãe em Nazaré abraça o Filho na Cruz. Mulher, aqui está seu filho.

    O evangelista observa: “Jesus, pois, vendo a sua mãe ” (cf Jo 19, 26). Jesus vê e sente a presença da Mãe, ele sente a necessidade de sua afeição na hora terrível do julgamento. Jesus vive o tormento de seu coração, ainda mais ferido pela prostração da Mãe antes da perda de um filho violentamente arrancado de sua afeição.

    Jesus vê a face da Mãe escavada pela dor, vê as lágrimas que ninguém pode secar, os olhos incrédulos pelo inesperado abandono dos apóstolos. Jesus também vê o apóstolo João, ao lado da Mãe, e anuncia as surpreendentes palavras de confiança mútua; Mulher, veja seu filho, Filho Contemple sua mãe.

    Para Maria, invocada como “mulher”, Jesus reconhece uma nova maternidade; a dor ao pé da cruz e o grito de partir o coração são as contrações de um novo nascimento espiritual. É a nova Eva, Mãe de uma nova geração de filhos, redimida pelo sangue da cruz.

    A participação na Paixão do Filho merece em Maria uma nova fecundidade, pela qual ela se torna mãe de todo discípulo de seu Filho, mãe da Igreja.

    Aqui está a sua Mãe, a partir dessa hora, todo discípulo pode acariciar a maternidade de Maria, agarrada ao peito para sugar o leite espiritual de ternura, doçura e proteção; Somente depois de ter confiado a Mãe ao discípulo amado e a seu discípulo à amada Mãe, Jesus abandona-se ao seu grande e definitivo ato de confiar ao Pai: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (cf. Lc 23, 46).

    Jesus morre somente depois de ter declarado Maria a Mãe da nova humanidade, e depois de nos ter confiado o seu cuidado constante, podemos invocá-la nossa fiel protetora em todos os momentos de nossa caminhada neste mundo.

    A maternidade de Maria, a virgem do calvário, alimenta nossa esperança nos momentos mais tristes e dramáticos de nossa história. Ela será mais uma vez, a verdadeira mãe, ao pé de nossas cruzes da vida.

    Nunca devemos esquecer de honrar Maria, oferecendo ao seu coração a coroa preciosa e incomparável da nossa fé e devoção.  Sobre tudo o nosso amor filial.

    Vamos invocar Maria para que ela nos acompanhe, com especial cuidado, especialmente os adolescentes e jovens, muitas vezes “vítimas” de nosso tempo difícil.

    E quando, para nós também, os dias de nossa peregrinação terrena forem cumpridos, pedimos-te o Senhora das Dores, que esteja ao nosso lado, sobre tudo na hora de nossa morte, para que sejamos iluminados pela consolação de sua presença tranquilizadora.

    As tristezas de Maria, são as nossas tristezas, ela carrega os sofrimentos das famílias e de todos os homens e mulheres de nosso tempo. Sob a cruz ela não estava sozinha, naquele dia, no Calvário, com ela estava o grito de dor que se eleva da terra e do coração de cada homem foi reunido em seu coração.

    Maria, que sempre seguiu seu Filho, como mãe, participou do sofrimento do filho até o fim. Vivamos bem o Tríduo Pascal e nos alegremos com a Ressurreição do Senhor, que nos convida a sermos seus discípulos-missionários!

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