Ao longo da Semana Santa acontecem diversas celebrações especiais, e somos convidados a participar ativamente de cada uma delas. Na terça ou quarta-feira santa, acontece a procissão e o Sermão do Encontro. Os homens saem de um ponto do território paroquial com a imagem do Senhor dos Passos, e as mulheres saem de outro ponto com a imagem de Nossa Senhora das Dores. As duas imagens se encontram em frente à igreja ou numa praça, e o sacerdote profere o sermão.
Devemos participar com fé e piedade de todas as celebrações da Semana Santa. Cada dia traz um significado especial. A Semana Maior é um presente para nós, católicos. É preciso acompanhar todos os passos da vida de Jesus, sobretudo esses últimos momentos: passar do Calvário à ressurreição, da morte para a vida. Além da liturgia oficial, as tradições devocionais populares e os atos culturais nos ajudam a vivenciar este tempo.
Na procissão do encontro, após o sermão do sacerdote, os fiéis podem contemplar as imagens e aprender com Nosso Senhor Jesus a enfrentar, em silêncio, os sofrimentos da vida. Nesse Sermão do Encontro, contemplamos o olhar de Nossa Senhora vendo o sofrimento de seu Filho. Como bem sabemos, Nossa Senhora não se desespera: guardava e meditava tudo em seu coração, mas estava sempre perto de seu Filho, até no momento da morte.
Lembremos, nesta noite, de tantas mães que perdem seus filhos precocemente, sobretudo por causa da violência ou das drogas. A ordem natural da vida é que os pais partam antes dos filhos, mas nem sempre é assim. Vemos com tristeza quantos jovens perdem a vida precocemente em diversas circunstâncias. Peçamos, nessa noite, que Deus console essas mães e lhes dê o conforto necessário para continuar seguindo em frente. Nossa Senhora também sofreu o que muitas mães sofrem. Ao ver seu Filho condenado e morto sentiu a espada entrar em seu coração e, assim participou da paixão de Seu Filho amado. Rezemos por tantas mães que precisam visitar seus filhos no presídio ou, por vezes, ir ao cemitério, para rezar no túmulo dos filhos falecidos. Que Deus lhes dê o conforto necessário.
Nossa Senhora das Dores também é conhecida como Nossa Senhora da Consolação. Peçamos que ela console todas as mães que passam por algum tipo de sofrimento, sobretudo aquelas que perderam seus filhos precocemente. Lembremos dos países que estão em guerra e de tantos inocentes que morrem por causa do ímpeto de poder de seus governantes. Entre esses inocentes, com certeza, estão crianças e jovens, e muitas mães ficam de luto. Roguemos a intercessão de Nossa Senhora para que traga paz ao mundo, consolação e esperança para tantas famílias.
Ao contemplarmos o Senhor dos Passos, observamos que Ele olha para sua Mãe com misericórdia e se preocupava com ela. Tudo aquilo que Ele estava passando era para salvar toda a humanidade. Ainda assim, o motivo da morte de Jesus foi a dureza de coração do povo e de seus governantes. Os filhos deveriam sempre cuidar e respeitar seus pais, inclusive na velhice. Rezemos pelos filhos que desprezam e não cuidam de seus pais.
O encontro com Jesus deve nos levar à conversão de vida, a trazer em nosso coração os mesmos sentimentos de misericórdia e perdão, tão próprios do coração de Deus. O encontro com Jesus deve nos ajudar a vencer as diferenças e as inimizades, a refazer a convivência anteriormente fraterna e amiga, não só na família, mas também nos espaços de trabalho e de convivência social.
O encontro verdadeiro possibilita o conhecimento do outro e a quebra dos preconceitos. Quem não conhece, teme; exclui, agride. Só no encontro nos libertamos do puro instinto animal de sobrevivência, baseado na lei do mais forte, na seleção natural.
Infelizmente, vivemos numa sociedade do desencontro, das notícias falsas ou distorcidas, em que tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, do mais esperto. Em consequência dessa situação, a maioria da população vive excluída. Nesta sociedade, quem não produz e não consome é considerado inútil. Em muitos casos, nem se fala mais em exploração de pessoas, mas em pessoas inúteis, que não servem para o mercado e, assim, não servem para nada. A beleza da vida não está no ponto de partida, nem no ponto de chegada, mas no caminho, onde acontecem os encontros. À luz do encontro do Senhor dos Passos com sua Mãe, não tenhamos medo de nos encontrarmos, como estamos fazendo hoje, de nos olharmos, de dialogarmos, superando o “nós e eles”, e assim buscarmos juntos os melhores caminhos para a construção da cultura da paz, de uma cidade inclusiva, onde todos têm lugar e colaboram para o bem comum.
Todas as celebrações da Semana Santa trazem para nós um significado especial e nos fazem meditar e refletir. A celebração devocional do encontro é, em especial, voltada para as mães e para os filhos. Que todas as mães não precisem enterrar seus filhos antes do tempo, nem os visitar nos presídios; e que todos os filhos respeitem seus pais, não os magoem, e cumpram o mandamento da Lei de Deus: honrar pai e mãe. Que mães e filhos se respeitem mutuamente e haja paz em todos os lares. E ainda, que em todos os lares não falte Deus e haja espaço para a oração.
Elevemos uma prece a Deus, nesta celebração, por todas as famílias, pedindo, sobretudo, que os filhos respeitem suas mães e não sejam motivo de desgosto para elas. A família é a Igreja Doméstica. É nela que se aprendem os verdadeiros valores. Os primeiros catequistas dos filhos são os pais. Família que reza unida permanece unida. A família é o lugar onde se aprendem os verdadeiros valores, e tudo o que se aprende em casa leva-se para onde for. Por isso, peçamos que todas as famílias busquem esses valores para que permaneçam unidas até o fim. E que as mães não precisem enterrar seus filhos precocemente.
Que, após a celebração de hoje, os filhos possam abraçar suas mães, dizer a elas o quanto são importantes em suas vidas e o quanto as amam. Do mesmo modo, que as mães possam abraçar seus filhos e dizer o quanto eles são importantes e que sempre os amarão, independentemente de qualquer coisa.
A dor de Nossa Senhora, ao ver seu Filho condenado à morte e terminar na cruz, foi muito grande — semelhante a uma espada que lhe atravessou a alma, conforme o profeta Simeão lhe havia dito. Mas Nossa Senhora sempre guardava tudo em seu coração e meditava todas as coisas. É o que acontece com tantas mães ao se depararem com seus filhos mortos precocemente: é como se uma espada lhes atravessasse a alma. Nossa Senhora também chorou. Que Ela console todas as mães que hoje choram. Por isso, nesta celebração, rezemos uma Ave-Maria por todas as famílias, em especial pelas mães.
Façamos o esforço de participar de todas as celebrações da Semana Santa e vivê-la com intensidade. Precisamos resgatar essas celebrações devocionais, e nós, como católicos participemos todos os dias da Semana Santa, tanto da liturgia, que é essencial, mas também os atos devocionais e culturais que nos ajudam a viver este tempo. Que esses momentos possam reavivar em nós a esperança e a fé na ressurreição. Rezemos por todas as mães e seus filhos, para que Deus os livre sempre de todo o mal.