Uma Revista de circulação nacional, publicou entrevista com Joshua Green, um professor, ateu confesso da Universidade de Harvard. Ela apresenta uma certa novidade, porque o autor toma ares mais brandos ao expor suas idéias. O que não é muito comum entre ateus, diga-se de passagem. Mas percebe-se, durante toda a entrevista, que o escritor se considera um iluminado, de longe superior a todos os que não pensam como ele. É a tática vezeira do iluminismo: tratar com desdém os adversários, desqualificando seus conhecimentos. Portanto, por serem pouco cultos, devem ficar quietos, recolhendo-se à sua insignificância. Chega a afirmar que as convicções deles são apenas um pensamento tribal (primitivo). Lembrei-me da queixa do grande Apóstolo: “Senhor, quem acreditou na nossa pregação” (Rom 10, 16)? Mas, além de louvar o tom mais manso do autor, preciso reconhecer que, quando abordou o tema do aborto, expôs não somente o argumento principal dos que são a favor, mas também o dos que são contra tal prática (sem fugir da honestidade). No entanto, quando falou sobre ateísmo, deu vantagem aos que não acreditam em Deus (como ele). Por um medo estranho, não se aventurou a tratar com consideração os fortes argumentos dos que creem no Ser Criador.
O Concílio Vaticano II, por não ter receio da verdade, exortou a Igreja a abrir diálogo com o mundo moderno. E também com as outras Religiões. É uma atitude de respeito, que pode levar uma contribuição para quem está do outro lado. Ou também, ouvindo os outros, poderemos aperfeiçoar o nosso próprio entendimento. “Dá ao sábio: e ele se tornará mais sábio ainda” (Prov 9, 9). Resumindo: fiquei feliz ao ver Joshua ter atitudes louváveis. Mas pesaroso por não ter chegado ao diálogo completo. Sobretudo, não concordo com seu louvor ao Papa Francisco, por declará-lo um Papa “pós-tribal”. Isso é desclassificar, entre outros, o grande intelectual Bento XVI, que foi capaz de entrar em grandes Universidades europeias, e chamar a si multidões de intelectuais. Todos nos sentimos pequenos diante da cultura e da fé adulta desse homem, capaz de coordenar uma obra extraordinária como o “Catecismo da Igreja Católica”.