Cadernos do Concílio – Volume 33
Hoje nos debruçaremos no volume 33 dessa Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II que tem como tema: “O diálogo como instrumento”. O diálogo é fundamental, ainda mais nos tempos atuais em que as pessoas querem resolver tudo na base das guerras, violências e xingamentos. Por meio do diálogo é possível construir pontes, estreitar laços e chegar a acordos.
A causa de tantas guerras que vemos por aí é por causa da falta de diálogo e de acordos de paz que os governantes optam por não fazer. Abstendo-se do diálogo partem para a violência e promovem guerras. O diálogo é importante em diversos âmbitos seja entre políticos, entre vizinhos, entre casais e até mesmo entre religiões.
Infelizmente muitas pessoas acabam fazendo guerras em nome da religião e em nome de Deus, mas não deve ser assim, pois Deus é amor e não quis que ninguém fizesse guerra em seu nome. Ele sempre desejou que todos os povos fossem um só, e que se unissem em um único objetivo: “Amar a Ele e ao próximo como a si mesmo”. As religiões devem dar o exemplo e promover o diálogo Inter-religioso, ou seja, os principais líderes religiosos se encontrarem para juntos criarem meios de promover a paz como estamos assistindo com a presença do Papa Francisco nas regiões da Oceania e Ásia.
O diálogo é importante para reaproximar pessoas, ou seja, amigos, familiares, colegas de trabalho que estão sem se falar por algum motivo, a melhor maneira de voltarem a se falar e acabar com alguma desavença é por meio do diálogo. Os casais podem resolver as suas desavenças por meio do diálogo, pois como se diz no dito popular: “é conversando que todos se entendem”.
O próprio Concílio Ecumênico Vaticano II foi uma forma de dialogar com a sociedade, pois além de promover a reforma litúrgica e sacramental dentro da Igreja, publicou importantes documentos que conversam com toda a sociedade. Inclusive documentos que fomentam a importância do diálogo em diversos âmbitos, tanto no mundo cível como no religioso. Passaram-se quase sessenta anos desde o Concílio, mas todos os documentos ainda são atuais e precisam ser estudados, tanto é que ao longo de todo esse ano estamos revisitando alguns documentos através dessa coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II, numa feliz iniciativa de traduzir esta coleção das Edições CNBB.
O diálogo entre Igreja e sociedade durante um tempo foi mais próximo, não que a Igreja tenha se afastado, mas depois de um tempo a sociedade preferiu não ouvir aquilo que a Igreja falava. Sobretudo após o período renascentista houve um certo esfriamento na relação entre Igreja e sociedade. O Papa volta a residir em Roma por volta do ano 1870. Através dos pontificados de São João XXIII e São Paulo VI a Igreja tentou novamente a reaproximação com a sociedade e através da Constituição Pastoral Gaudium et spes (GS), documento conciliar que sempre falamos aqui e trata sobre a Igreja no mundo de hoje.
A Constituição Pastoral Gaudium et spes (GS), é um marco nesse processo de diálogo entre a Igreja e a sociedade, pois trata sobre os desafios do mundo contemporâneo. Esse documento é fruto de uma longa reflexão dos padres conciliares sobre a importância de resgatar o diálogo entre Igreja e estado. A Igreja quer participar com todos na edificação do Reino de Deus.
A partir do Concilio Ecumênico Vaticano II houve uma maior inserção dos leigos na Igreja, e os leigos que são todos os batizados puderam contribuir melhor nessa aproximação entre Igreja e estado. Além do mais, ao assumirem as diversas pastorais em suas paróquias os leigos ensinam e falam em nome da Igreja e de certa forma, por meio deles a Igreja dialoga com a sociedade.
Entre os anos de 2021 e 2023 aconteceu em todo o mundo o Sínodo que teve diversas etapas até terminar em Roma, em outubro do ano passado a primeira sessão. A palavra Sínodo significa caminhar juntos, ou seja, quando acontece um Sínodo a Igreja ouve a todos e após coletar as informações, estuda, e elabora um documento fruto de tudo que foi discutido. Ou seja, a Igreja só elabora e publica o documento após ouvir os fiéis, nesse sentido acontece um diálogo entre Igreja e sociedade.
A Igreja dialoga com a sociedade todas as vezes que se posiciona a favor da vida, ou seja, quando se posiciona contra o aborto. Quando defende que todos tenham dignidade de vida, ou seja: saneamento básico adequado, moradia, alimentação, saúde, educação e emprego. A Igreja não entra na política e não toma nenhum partido, mas é a voz da sociedade para que o poder publico olhe por todos.
A Igreja sempre está ao lado do povo, a exemplo do mandato evangélico deixado por Jesus. A Igreja quer edificar aqui na terra o Reino de Deus e busca com que todos vivam o amor, a misericórdia, o perdão e a justiça.
Convido a tomarem em mãos esse volume trinta e três da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II e se aprofundar um pouco mais no tema do diálogo como um instrumento da construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Além disso, convido a tomarem a Constituição Pastoral Gadium et Spes (GS) e perceber as questões com que a Igreja se preocupa nesse mundo contemporâneo.