O texto da segunda leitura do quinto domingo da Quaresma trata de um problema que perturbou constantemente a vida de São Paulo: o dos judeus que deturpavam o Evangelho, forçando os pagãos convertidos a aderir às normas da Lei mosaica, sobretudo no que se refere à necessidade da circuncisão.
Os judeus, possuidores da circuncisão, consideravam-se “operários” autênticos e chamavam de “cães” aos pagãos. O apóstolo alerta aos filipenses contra os “cães”, os “maus operários”, os “mutilados” e são exatamente os judeus cristãos ainda apegados à circuncisão, os que merecem da parte de São Paulo essa qualificação.
A seguir, ele traça seu passado: judeu, fariseu irrepreensível, perseguidor da Igreja. Mas o ser cristão de São Paulo não se baseia nas glórias passadas, pelo contrário, é uma perda diante da experiência que fez do Cristo. O encontro com Jesus determinou a revolução da vida do Apóstolo: ele não mais persegue a Igreja, mas corre para ver se alcança a plenitude da vida, que está no Senhor Jesus. E isso ele o faz enfrentando os sofrimentos, a cadeia, deixando para trás os privilégios para morrer com Cristo e participar da sua ressurreição.
Utilizando a imagem do atleta que corre em busca do prêmio, nos dá uma visão clara do ser cristão: a libertação em Cristo é uma conquista diária, que não permite descansar à sombra do passado, conscientes de que jamais nesta vida, teremos alcançado o momento de parar.
Da sua vida de missionário itinerante que enfrenta todo tipo de hostilidade e vive na precariedade dos meios, São Paulo traça o itinerário da vida cristã. O objetivo central é, através desses acontecimentos, fazer a experiência do Cristo que caminha à frente. A caminhada para a libertação é um combate constante. O cristão precisa ser verdadeiro atleta que não se acomoda às estruturas. Isso tudo São Paulo afirma estando preso. Prendem-se as pessoas, mas não os verdadeiros ideais que elas possuem.
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