Roma, Como um gesto para dar esperança aos cristãos no Iraque, de 20 a 25 de julho, uma organização francesa está colocando em diversas aldeias da Planície de Nínive novas imagens de Nossa Senhora de Lourdes para substituir as que foram destruídas pelos terroristas do Estado Islâmico (ISIS).
O envio das imagens da França foi uma iniciativa da organização de ajuda francesa Oeuvre d´Orient, a partir de uma viagem que o seu diretor, Pe. Pascal Gollnish, realizou ao Iraque em janeiro.
Através de um comunicado publicado em seu site, a organização assinalou que Pe. Gollnish “ficou particularmente impactado pelo saque das igrejas e santuários na Planície de Nínive, pela destruição sistemática das cruzes e ao ver as imagens de Jesus e da Virgem Maria decapitadas”.
Indicaram que após a libertação das aldeias na Planície de Nínive do controle do ISIS em outubro de 2016, alguns cristãos regressaram e uma das primeiras coisas que fizeram em seus lares, igrejas e negócios destruídos foi “colocar suas cruzes, símbolos de vida, símbolos de ressurreição nesses lugares”.
Para continuar com o sentido dessa prática, a organização levou em março deste ano 15 imagens de Nossa Senhora de Lourdes ao santuário na França. Ali, foram abençoadas pelo Bispo de Tarbes e Lourdes, Dom Nicolás Jean René Brouwet, e enviaram-nas ao Iraque.
As imagens foram abençoadas em Erbil no dia 20 de julho por alguns bispos iraquianos, como o Arcebispo sírio-católico de Mossul, Kirkut e Curdistão, Dom Yohanno Petros Moshe, e o Arcebispo de Erbil, Dom Bashar Mati Warda. Também esteve presente na cerimônia um sacerdote enviado pela organização francesa, Pe. Rodolphe Vigneron. Depois, as estátuas partiram para seu destino.
Atualmente, uma delegação de Oeuvre d´Orient está instalando as imagens em igrejas, santuários, mosteiros ou lugares públicos nas aldeias de Karamalesh, Bartella, Teleskuf, Batnaya, Bakofa, Bashika, Barzani e Qaraqosh.
Esta organização indicou que nas cerimônias que são celebradas para colocar as estátuas participam bispos, sacerdotes, leigos, religiosos e religiosas que ficaram nas aldeias ou que regressaram depois de viver como refugiados em outras partes como a cidade de Erbil, localizada no Curdistão iraquiano.
“Receber as estátuas é uma bela novidade, uma nova etapa. Isso nos ajudará a reconstruir a esperança. A esperança de que podemos regressar. Temos confiança na Mãe de Jesus. Estas imagens de Lourdes aqui nos protegerão”, indicou um dos fiéis a Oeuvre d´Orient.
No último dia 9 de julho, a cidade de Mossul, localizada no norte do Iraque, foi declarada livre do controle do ISIS, depois de três anos em que este grupo extremista muçulmanos a tornou em seu bastião de guerra.
Antes da invasão do Estado Islâmico em junho de 2014,Mossul era uma das cidades iraquianas onde vivia a maior quantidade de cristãos. Muitos tiveram que abandonar a cidade porque os jihadistas os ameaçavam de morte caso se recusassem a se converter ao islã ou os forçavam a pagar um imposto de submissão.
Um grande número de cristãos que viviam nos povoados da Planície de Nínive também tiveram que fugir.
Em declarações ao Grupo ACI, o chefe da missão da organização de ajuda francesa SOS Chrétiens d’Orient (SOS Cristãos do Oriente) no Iraque, Tanneguy Roblin, indicou que a recuperação de Mossul significa para os cristãos “a queda do ISIS em seu país” e que a Planície de Nínive está “quase libertada em sua totalidade”.
Embora as condições de vida sejam complicadas para os cristãos na região, porque suas aldeias estão destruídas, o Patriarca Caldeu, Dom Rafael Louis Sako, lhes pediu que regressem “para tomar suas terras antes que outro o faça” e que se unam para ajudar a construir a paz no país.
A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre também está executando um projeto para reconstruir cerca de 13 mil casas cristãs que ficaram danificadas ou destruídas pelo Estado Islâmico na Planície de Nínive.
Fonte: Acidigital