Quando o assunto é Arquitetura, é quase impossível não se lembrar de Oscar Niemeyer, que morreu em 2012 aos 104 anos. Ele foi um dos arquitetos mais importantes para a História do Brasil e, em especial, para a capital Brasília.
Ateu e comunista convicto, Niemeyer, completaria 111 anos se estivesse vivo, neste domingo, dia 15 de dezembro. Foi pelas mãos do homem que não acreditava em Deus que 16 obras religiosas, entre capelas e igrejas, algumas icônicas e importantes cartões postais das cidades foram projetados ao longo de sua carreira.
Com suas as formas inesperadas e curvas “infinitas” projetou apenas em Brasília (DF), a Catedral Metropolitana de Brasília; a Capela Alvorada, localizada no Palácio da Alvorada, residência da Presidência da República; a Igreja Ortodoxa São Jorge de Brasília; a Catedral Militar da Rainha da Paz; a Capela Nossa Senhora de Fátima ou Igrejinha da 307/308 Sul como é mais conhecida, foi o primeiro templo em alvenaria a ser erguido em Brasília, em 1958 e sua arquitetura faz referência a um chapéu de freiras.
“Eu senti que deveria dar uma explicação, por que sou comunista e estou fazendo tantas igrejas. Mas nasci em uma família muito religiosa. Meu avô era religioso. Na casa em que eu morei tinha cinco janelas, uma delas transformada em oratório pela minha avó. Tinha missa lá em casa. É uma coisa muito natural”. Oscar Niemeyer no livro As Igrejas de Oscar Niemeyer lançado em 2011.
Outros três estados brasileiros contam obras religiosas assinadas por Niemayer. Em Belo Horizonte (MG), tem a Igreja São Francisco de Assis, mais conhecida como Igreja da Pampulha. No Rio de Janeiro, em Manguinhos, tem a Igreja de São Daniel Profeta e uma capela construída na Fazenda Santa Cecília, Distrito de Vera Cruz e em Aparecida (SP), o campanário com 13 sinos em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba foi um dos últimos projetos desenhados pelo arquiteto.
O assessor do Setor Espaço Litúrgico da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Thiago Faccini, destaca que é inquestionável o valor do Niemayer, para a arquitetura não só do Brasil, mas internacionalmente por sua ousadia sobretudo nas formas.
“No aspecto litúrgico Niemayer reconhecia a necessidade de conhecer as normativas do culto, para projetar seus espaços internos, e por isso, em seus projetos de igrejas, sempre os deixou vazios e com a liberdade para que a própria Igreja o fizessem de acordo com suas necessidades. O último exemplo disso, foi o projeto da catedral da Arquidiocese de Belo Horizonte, que traz externamente os traços marcantes de sua arquitetura e o interno completamente despojado para que a própria Igreja possa preenchê-lo tornando-o funcional e celebrativo”, ressaltou.
Oscar Niemayer deixou um legado impressionante, realizou projetos icônicos em vários estados brasileiros e em outros países também e suas obras são referência de modernidade.