“Nem eu te condeno!”

    Estamos celebrando nestes dias 29 e 30 de março a iniciativa pontifícia “24 horas para o Senhor”. Esse evento acontece sempre de sexta para sábado antes do Domingo Laetare, da alegria.

    Há seis anos o Papa Francisco instituía este momento especial de oração e penitência dentro do domingo da alegria quaresmal: o Santo Padre Francisco na Carta Apostólica Misericordia et Misera ensinou que “O sacramento da Reconciliação precisa voltar a ter o seu lugar central na vida cristã (…), uma ocasião propícia pode ser a celebração da iniciativa 24 horas para o Senhor nas proximidades do IV Domingo da Quaresma, que goza já de amplo consenso nas dioceses e continua a ser um forte apelo pastoral para viver intensamente o sacramento da Confissão”.

    O evento 24 Horas para o Senhor consiste após o momento profundo de adoração Eucarística em silêncio, na oração, onde cada um pode encontrar-se consigo mesmo e pensar sobre sua própria vida, segue o sacramento da Confissão auricular para que se possa experimentar em primeira pessoa a misericórdia de Deus.

    O Papa Francisco convidou todos os fiéis a viverem como “ocasião propícia a iniciativa que convida a celebrar o Sacramento da Reconciliação em um contexto de adoração eucarística. O tema deste ano é inspirado nas palavras do Discípulo Amado: “Nem eu te condeno” (Jo 8, 11).  Em cada Diocese, pelo menos uma igreja permanecerá aberta por 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade da oração de adoração e da Confissão sacramental”.  Neste momento vamos contemplar da imagem de Jesus, que ao invés da multidão reunida para julgar e condenar, oferece a sua infinita Misericórdia como ocasião de graça e de vida nova.

    Esses dois dias são momentos propícios para todos buscarem o abraço misericordioso de Deus, um momento especial de voltar para os braços do Pai.

    Em nossa Arquidiocese iremos usar o seguinte subsídio:

    http://arqrio.org/noticias/detalhes/7368/24-horas-para-o-senhor-arquidiocese-do-rio-prepara-subsidio-para-as-comunidades

    Num mundo marcado pelos julgamentos precipitados e pelos juízos temerários dos chamados fake news a Igreja propõe para cada fiel e para cada homem e mulher de boa vontade não condenar quem quer que seja. Ninguém, diante do Senhor, encontrará um juiz, mas encontrará um Pai misericordioso que o acolhe, o consola e indica o caminho para se renovar. Ninguém irá jogar no precipício aquele que está prestes a cair, mas vai lhe oferecer a mão para que tenha uma segunda oportunidade.

    No centro do dia de hoje está o perdão. O perdão é o sinal do amor. Se não tivermos a dimensão do perdão, isso significaria que não haveria a dimensão do amor que nos permite entender que ninguém é perfeito. Para viver bem a Semana Santa e, por conseguinte a Páscoa e a vida cotidiana de cristãos devemos perdoar. Todos sabem que precisam ser perdoados e assim converter-se em um instrumento de perdão para os outros. E esse perdão é o ápice do amor. Por isso a confissão é um dos momentos mais sublimes da Quaresma. O Papa emérito Bento XVI, poeticamente, lembrou que: “como diziam os Padres da Igreja, a Reconciliação é um batismo laborioso (laboriosus quidam baptismus),(58) sublinhando assim que o resultado do caminho de conversão é também o restabelecimento da plena comunhão eclesial, que se exprime no abeirar-se novamente da Eucaristia.(59)” http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20070222_sacramentum-caritatis.html#II._Eucaristia_e_sacramento_da_Reconcilia%C3%A7%C3%A3o, último acesso em 19 de março de 2019.

    Qual é o significado da confissão? Ao aproximar-vos do Sacramento da confissão, podereis fazer a experiência do “dom gratuito que Deus nos faz da sua vida, infundida na nossa alma pelo Espírito Santo para a curar do pecado e a santificar” (CIC, 1999) a fim de que, unidos a Cristo, nos tornemos novas criaturas (cf. 2 Cor 5, 17-18).

    Diante do confessor, no confessionário, manifestaremos, como penitentes, o firme propósito de não voltar a pecar no futuro e com a disponibilidade para aceitar com alegria os atos de penitência que ele vos indica para reparar o dano causado pelo pecado. Experimentar assim o “perdão dos pecados; a reconciliação com a Igreja, a recuperação, se foi perdida, do estado de graça; a remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, pelo menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado; a paz e a serenidade da consciência, e a consolação do espírito; o aumento das forças espirituais para o combate cristão de cada dia” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 310)

    Lembremos de que o perdão divino é mais amplo do que nós geralmente acreditamos. Só exige que tenhamos a vontade de não optar mais pelo mal. Pare de olhar para o pecado do outro e de formular um juízo de condenação. Nesse dia recordamos que as portas abertas de nossas igrejas nos remetem ao acolhimento de quem está ferido e necessitado de misericórdia, mas também recordam de ir ao encontro das pessoas numa igreja em saída levando a boa notícia do amor de Deus. Neste tempo acontecem os mutirões de confissões em toda a Arquidiocese. Em todas as paróquias e em algumas capelas maiores os padres de cada forania atendem aos paroquianos das várias paróquias dando oportunidade da experiência da misericórdia para que possamos transmitir essa misericórdia em tempos tão violentes e difíceis. Por isso mesmo o evento “24 horas para o Senhor” se reveste de iniciativas que procuram atingir a quem está mais distante da Igreja e que necessita de um incentivo para “fazer páscoa”. Porem continua revestido da oportunidade da celebração penitencial, adoração ao Santíssimo, Missas, eventos, e tantas outras iniciativas que devem nos conduzir a uma renovação da própria vida a caminho da Páscoa.

    Fortificados pelo perdão sacramental de Deus e da Igreja vamos caminhar para uma vida nova lembrando todos os momentos a graça que Jesus concedeu a mulher adúltera e que concede a cada um de nós: “Nem eu te condeno!” “Vais e não peques mais!”

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