Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
Essa grandiosa festa da Cristandade nos propicia uma interiorização, um verdadeiro mergulho no mais profundo de nosso coração. É surpreendente ser desafiado por uma proposta vinda de Deus. E para responder a ela é preciso, antes de tudo coragem, mas também liberdade. Se faz necessário ultrapassar os limites da racionalidade e adentrar os meandros do coração e deixar-se atingir pela flecha do Amor que está à espera da presa distraída que penetrou no mistério da solidão.
O Menino recostado ali, na manjedoura, tem um olhar arrebatador. Por sua alegre simplicidade, é capaz de romper em nós, de imediato, qualquer resistência, e nos leva a vislumbrar em seu meigo sorriso a benevolência do Altíssimo. Curvar-se sobre a manjedoura e olhar com os olhos do coração essa criança é sentir o doce abraço e o calor da paternidade de Deus.
Essa mística tem certa magia que nos contagia e arrebata. É pela moção do Divino Espírito Santo que nos é dado no batismo que experimentamos essa energia que move e remove a alma humana, instaurando o direito de o Menino Jesus passear no jardim do coração que ama.
Somente os que se permitem voltar a ser crianças são capazes de brincar e bailar na festa da Ciranda do Natal. “Se não vos tornardes como as crianças não vereis e nem entrareis no Reino de Deus.” Os pequenos são as jóias da predileção do Altíssimo. Deus se revelou na carne de uma criança para nos revelar Seu divino rosto no humano que, na sua fragilidade se plenifica e se enche da força desse Amor Misericordioso.
Celebrar o Natal do Senhor é mais que uma confraternização social, uma reunião de família, um evento festivo. Seu mais puro sentido é reviver o acontecimento mais revolucionário e universal em prol da salvação da humanidade.
O nascimento de Jesus é um marco histórico que determinou e selou como valor supremo a vida humana, enaltecida como prioridade absoluta, dignificada com o sublime dom da liberdade sobre o eixo da fraternidade universal.
A força de transformação desta festa litúrgica está nas relações fraternas e no exercício da mística da espiritualidade da compaixão. Celebrar o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo é comprometer-se na construção da Civilização do Amor.
É ajudar a instaurar um mundo que se torna possível à medida que cada cidadão e cidadã se empenhe corajosamente, assumindo o seu papel na sociedade, como protagonista da causa inaugurada pelo “Príncipe da Paz, Conselheiro Admirável, Deus forte e Pai dos tempos futuros (Isaías 9, 5).”.
Neste Natal a proposta desafiadora é a abertura do coração ao Menino Jesus de modo a deixá-lo adentrar a nossa vida e permitir-lhe que transforme todo o nosso o ser. Permitir-lhe que, pela ação do Espirito Santo, faça de nosso coração a morada do Altíssimo, conforme sua promessa ¨Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir à porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo (Apoc. 3,20).”.
O Natal é a festa da alegria, do amor, do perdão. É o tempo da renovação e conversão de vida. É o momento para lançarmos um novo olhar para dentro de nós mesmos, para a face dos irmãos, para a realidade do mundo.
Este é um tempo para perdoar e ser perdoado. O Divino Menino veio para tirar o pecado mundo, que escraviza e desfigura a imagem de Deus no ser humano. Uma vez tomado o firme propósito de perdoar acontece uma verdadeira libertação e, ao visitarmos o Menino Jesus no presépio o encontraremos sorrindo, estendendo-nos os bracinhos abertos à espera do nosso beijo de gratidão.
Que o Menino Jesus nasça mil vezes na História Humana. Mas se Ele não nascer uma vez no seu coração, o milagre não aconteceu. Natal feliz é Natal com Cristo.
Parabéns Jesus!
Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
Arquidiocese de Campinas- Campinas- São Paulo