“Não nos cansemos de semear o bem”

    O Papa Francisco publicou a mensagem para a quaresma deste ano de 2022. É comum o Papa publicar essa mensagem todos os anos, para incentivar os fiéis a viverem bem o período quaresmal. A quaresma inicia-se neste dia 2 de março, com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, e estende-se até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive, na Quinta-Feira Santa.

    O tempo quaresmal é um tempo em que somos convidados a nos voltar para nós mesmos e praticarmos a oração, o jejum e a esmola. A quaresma requer uma mudança de atitude de nossa parte, temos que iniciar a Quaresma de um jeito e chegar na Páscoa de outro. Deixar morrer o homem velho e ressurgir o homem novo. Mudar a nossa atitude em relação a Deus, conosco mesmos e com o próximo.

    Por isso, o Papa Francisco escolheu como o tema de sua mensagem para a Quaresma desse ano: “«Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido.
    Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos» (
    Gal 6, 9-10a).”. O mal nunca pode prevalecer sobre o bem, em um mundo cheio de ódio, guerras e que muitos corações se encontram longe de Deus, o cristão não pode se cansar de anunciar o bem, de anunciar a esperança em um mundo melhor.

    O Papa Francisco, ainda, recorda que a Quaresma é um tempo propício para anunciar o bem e a paz, mas que a paz e a justiça não se alcançam de imediato, é algo que se conquista aos poucos. Infelizmente, o caminho da guerra é o mais fácil, muitas vezes, a paz e a justiça demoram para chegar, ao invés de fazerem acordo ou conversarem como pessoas civilizadas, os homens preferem destruir-se uns aos outros. Que nós como cristãos no mundo de hoje possamos agir diferente e trilhar um caminho de paz e justiça. Se estamos sem falar com alguém, brigados com algum familiar, esse é o momento da reconciliação. Os mais velhos devem dar o exemplo aos mais novos, coisa que geralmente não acontece.

    A exortação do Papa Francisco é sobre a carta de São Paulo aos Gálatas: “Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos” (Gal 6, 9-10a). A identidade do cristão é o amor, a exemplo de Jesus, devemos acolher a todos com respeito e praticar a justiça. Por mais que o bem e a justiça demorem para chegar e nos dê a impressão de que o ódio, a guerra e a injustiça prevalecerão, não devemos nos cansar de pregar o amor, a justiça e a caridade.

    É isso que o Papa Francisco nos pede nessa mensagem, perseverarmos no caminho do bem e da justiça, sem nos cansarmos de anunciar a paz. O Papa repete algumas palavras do apóstolo Paulo. O apóstolo falava do “kairós”, que é o tempo de Deus e segundo a visão do apóstolo, o tempo de semear o bem para depois colher. Plantamos o bem e colhemos a gratidão. O Papa Francisco usa desse texto do apóstolo para dizer que o tempo de semear o bem é agora.

    O Santo Padre Francisco recorda, ainda, que Deus é o primeiro agricultor, ele lança a semente do amor na terra, basta o homem colher essa semente que Deus plantou em seu coração. Ele continua sendo generoso e mesmo com o coração duro de muitos homens, Ele continua a espalhar sementes de bem na humanidade. Deus não desiste da humanidade, apesar de muitas vezes a humanidade desistir d’Ele. O Papa Francisco pondera por fim: “Esta chamada para semear o bem deve ser vista, não como um peso, mas como uma graça pela qual o Criador nos quer ativamente unidos à sua fecunda magnanimidade”.

    Temos que ser bondosos com o nosso próximo, por mais que o nosso próximo não nos trate como nós queremos, nós devemos ser ao contrário. Devemos ir na contramão da lei de Talião, como nos ensinou Jesus. Devemos amar os nossos inimigos e rezar por aqueles que nos perseguem. Semear o bem não deve nos envaidecer e nem colocar em nós um sentimento de dever cumprido, o bem deve sempre fazer parte da nossa vida.

    Por mais que os outros não reconheçam o bem que fizemos, não devemos esmorecer, e continuar fazendo o bem. Nem sempre as pessoas vão nos agradecer pelo que fizemos a elas, mas Deus está vendo e sabe aquilo que fizemos. Ao final da vida, Ele nos dará a recompensa. Devemos fazer o bem sem olhar a quem, que a nossa mão esquerda, não saiba o que fez a direita.

    O Papa ainda recorda aquilo que é um dos pilares da Quaresma: a oração. Temos que rezar porque necessitamos de Deus. Ainda mais nesse tempo que ainda sofremos com a Pandemia da Covid-19, a oração deve ser a nossa base para enfrentar os problemas. Ninguém pode se salvar sem Deus, através do mistério pascal de Cristo, vencemos a morte e entramos para sempre na vida eterna.

    Infelizmente, desde a última quinta-feira, dia 24 de fevereiro, o mundo assiste a sangrenta guerra declarada pela Rússia contra a Ucrânia. Nesta Quaresma, ainda mais, é nosso dever rezar para que a paz seja restabelecida na Europa Oriental e em todo mundo. Nós somos construtores da paz e não fabricantes de guerras!

    Que nessa Quaresma possamos vencer o mal e tudo aquilo que nos afasta de Deus, e que possamos levar essa paz que vem de Deus para aqueles que nos cercam. Que as pessoas que se encontrarem conosco possam ver que somos mensageiros da paz. Por meio do jejum quaresmal que somos convidados a fazer nesse período, consigamos combater o mal.

    Aproximemo-nos do sacramento da Reconciliação. Deus nunca se cansa de perdoar, nós é que nos cansamos de pedir perdão. Temos ainda que ter fé, tudo acontece ao seu tempo, e a graça de Deus sempre vem. A bondade de Deus sempre vem sobre a humanidade. Que todos os homens se voltem de todo o coração ao seu criador.

    Vivamos bem esse tempo quaresmal e inspirados pelas palavras do Santo Padre, não nos cansemos de fazer o bem e coloquemos em prática aquilo que a Quaresma nos pede: jejum, esperança e caridade. Dessas três práticas advém o amor e o bem.

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