Não é fácil ser cristão

    Parece que nós, homens e mulheres, temos uma tendência irreprimível à comodidade, a buscar o que é fácil. E, muitas vezes, é assim que nos deparamos com o Evangelho. Da mesma forma em que vamos a um supermercado e lá escolhemos o que mais nos agrada, também nos dirigimos à igreja com o mesmo espírito: tratamos de escolher e assumir o que mais nos agrada. Por isso, muitas vezes, buscamos uma igreja em que a celebração da eucaristia dominical seja bonita porque há um bom coral, porque ela está bem enfeitada ou porque o sacerdote faz uma bonita homilia, seguida de seu testemunho pessoal, porque palavras bonitas sem testemunho de nada valem. Melhor ainda se, além de tudo isso, nos presenteia continuamente os ouvidos com palavras que falam de um Deus misericordioso – Pai bom que tudo perdoa e para quem quase poderíamos dizer, tanto faz se praticarmos o bem ou o mal, porque nos ama de todas as formas e nos premiará de qualquer jeito Acabamos por ter uma religião “à la carte”, do mesmo modo como encontramos em alguns restaurantes em que o garçom nos oferece a carta de pratos e escolhemos o que mais nos agrada.
    Mas Evangelho não é assim. Nele nos encontramos com Jesus que nos fala com clareza. Se desejarmos nos salvar e quisermos alcançar a verdadeira felicidade, convida-nos a segui-lo e a viver de uma determinada maneira. Não nos promete que sempre vai ser fácil estar com Ele. Se o Mestre foi crucificado, não podemos imaginar que seus seguidores terão melhor tratamento. É o que nos diz Jesus no evangelho(cf. Lc 12,49-53) do vigésimo domingo do Tempo Comum: “Vim lançar fogo à terra(Lc 12,49)” Jesus não disse que vem colocar panos quentes para que nos sintamos bem. Não, Jesus deseja transformar este mundo, revolucioná-lo, colocá-lo de pernas para o ar. Isso não é fácil. Às vezes provoca dores e divisões. A paz chegará mais tarde. O Reino é algo que chega,  mas  é necessário primeiro saber conquistá-lo, esforçar-se. Para alcançar a justiça, é preciso lutar contra a injustiça.
    Por isso, o mais importante na vida do cristão não é participar da Missa de domingo. Esse é o lugar de encontro com a comunidade. A pessoa mostra que de fato é cristã em sua vida diária, no seu relacionamento com a família, com seus companheiros de trabalho, nas suas amizades. Aí é o lugar em que devemos viver como cristãos, ainda que isso signifique ir contra a opinião dos outros ou mesmo perder sua amizade. Ser cristão não é responder sempre com um sorriso a tudo que nos dizem, mas saber mostrar com carinho, e também com energia, a verdade do Evangelho. Mas não nos assustemos. Recordemos de muitos que deram e dão o seu sangue em defesa da fé. Seu testemunho nos deve animar a viver de maneira mais autêntica nossa fé cristã.
    Dentro desta alegria dominical vamos lembrar de todos os pais, os vivos que caminham conosco e os que estão na comunhão dos santos, que terminada a sua carreira neste mundo, são nossos intercessores junto de Deus. Agradecidos pela maior herança que nossos pais nos legaram, quer seja a fé católica, peçamos a proteção da Divina Providência e de Nossa Senhora Aparecida. Que nossos pais continuem com a sua primordial missão de transmissores da fé e de arautos da evangelização. Que todos os pais sintam-se abraçados por Deus e obrigado pelo seu sim em favor da vida e da família!

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