O texto da segunda leitura do décimo oitavo domingo do Tempo Comum se inicia com uma pergunta corajosa: “Quem nos separará do amor de Cristo?” Segue-se uma série de obstáculos ou, se quisermos de consequências que o cristão enfrenta para viver o projeto de Deus. Esses obstáculos são modos de repressão da sociedade injusta que perseguiu Paulo e os cristãos: tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada. Nota-se aí um crescendo que vai da tribulação ao perigo fatal: a morte pela espada. Talvez seja possível detectar as etapas deste processo. As três primeiras marcaram grande parte das viagens de Paulo. O anúncio do Evangelho acarretou-lhe sistematicamente perseguições por causa da Palavra. As duas seguintes (fome e nudez) revelam a situação de Paulo nas constantes prisões que enfrentou. As duas últimas (perigo, espada) apontam para a consciência do fim trágico: cedo ou tarde seu sangue será derramado.
Paulo escreve aos romanos durante sua terceira viagem, em Corinto, quando já se considerava prisioneiro do Senhor
Possuir o Espírito e ser filho de Deus acarreta uma luta constante contra as forças que tentam sufocar o projeto de Deus. Ser cristão é estar em pleno campo de batalha, mas com consciência e atitude de vitorioso: “Em tudo isso somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou. Não se trata de aguardar uma vitória futura e distante, mas ser já vencedor, em meio aos conflitos presentes e futuros. A razão disso é o amor de Deus que, em Cristo morto e ressuscitado, venceu definitivamente o poder hostil e injusto. A luta dos cristãos é uma super vitória. A certeza de Paulo é que nada nos poderá separar do amor de Deus:vida-morte são dois extremos e isso mostra que o amor tem força para vencer a morte e renovar a vida para sempre; anjos e soberanias são categorias superiores; nenhuma força superior é capaz de vencer a força do amor; presente e futuro são categorias temporais: não conseguirão anular esse amor; forças, altura e profundidade são energias cósmicas misteriosas e hostis à pessoa: não poderão resistir diante do amor.
Paulo conclui: nada e ninguém poderá nos separar do amor de Deus, que está presente em Cristo Jesus, nosso Senhor.