Morrer é viver

    No dia em que celebramos os mortos, tudo nos fala de vida, de modo que podemos afirmar, com toda certeza e alegria, que morrer é viver. A razão disso tudo é a pessoa de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, primeiro fruto dentre os que ressuscitam dos mortos, nosso irmão mais velho e vencedor da morte.
    De algum modo, a ressurreição de Jesus foi sendo preparada na fé e na esperança do povo, em meio ao qual está o autor do livro da Sabedoria. Ele afirma que a luta do justo pela justiça é feita de imortalidade. Jesus, aquele para quem a morte não interrompe o amor, por amar sem limites e sem barreiras toda a humanidade representada por Lázaro, ressuscita-o e nos convida a entrarmos nessa ciranda da vida que vence a morte, desamarrando todos os que estão impedidos de viver.
    O amor de Jesus para com Lázaro – representante de toda a humanidade que Deus ama sem limites – não é barrado pela morte. Pelo contrário, esse amor o leva a agir: chega ao túmulo, manda tirar a pedra, dá graças ao Pai por ouvi-lo sempre, ordena a Lázaro que saia e manda que os presentes desamarrem o ressuscitado e o deixem ir. Em poucas palavras, o Evangelho de João se torna extremamente dinâmico, fazendo com que o túmulo se abra, o morto saia e caminhe. E a força que movimenta tudo isso se chama amor que não termina com a morte; chama-se também comunhão perfeita com o projeto do Pai, que é vida e liberdade.
    Essa última expressão compromete todos os que acreditam em Jesus e no Pai que o enviou. Jesus é, sem dúvida, o pastor que conduz suas ovelhas para fora dos currais. Mas compromete os que lhe dão sua adesão. De faro, os presentes têm de desamarrar Lázaro e deixar que ande.
    Vamos rezar pelos nossos defuntos. Rezo pelos padres e bispos falecidos de minhas duas dioceses: Juiz de Fora e de Luz. Lembro com carinho de papai e da mamãe, de dom Justino José de Santana, de Dom Othon Motta, de Dom Geraldo Maria de Morais Penido, de Dom Juvenal Roriz e de Dom Belchior Joaquim da Silva Neto, a quem sucedi em Luz. Dos muitos padres meus amigos e formadores, um pensamento de gratidão ao querido Monsenhor Burnier.
    Passando essa passagem do ontem para o hoje, reflitamos: quais são as amarras que os cristãos têm de desfazer hoje para que muitas pessoas comecem a caminhar? Oh morte onde está a tua vitória?