A Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, que está celebrando 25 anos de fundação, recebe nesta terça-feira (26 de abril) os últimos missionários para compor o quadro das Fraternidades neste triênio. Dos quatro missionários, três são frades e um é leigo. Frei Angelo José Luiz está de volta a Angola e Frei Roberto Ishara e Frei André Luiz Henriques farão a sua primeira experiência em terras angolanas, assim como o leigo Bruno Schneeberger de Carvalho.
No Brasil, desde que retornou da Missão, Frei Angelo trabalhou como pároco na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis. “Quando o Visitador (Nestor Inácio Schwerz) esteve em Petrópolis, eu me coloquei à disposição da Província e manifestei o meu interesse em voltar a Angola”, contou.
Nos dez anos em que esteve na Missão, Frei Angelo foi durante dois períodos presidente da Fundação. Mas ele lembra que os tempos são outros, tanto no país como na Fundação. “Por isso, não crio expectativas. Vou com o espírito de ajudar naquilo que é possível colaborar com a missão e com a Fundação”, diz o frade, natural de Santa Catarina, reconhecendo que para ele é mais fácil essa adaptação em outro país do que para os novatos. “As mudanças são profundas lá. A realidade mudou muito, há mais frades, há mais vocações e há mais estrutura na Missão. As possibilidades, em termos pastorais, se abrem bastante dessa forma”, reconhece.
Segundo o frade, enquanto morou em Petrópolis, pôde ver o quanto tem mais visibilidade a Missão hoje. “Não sei se é a presença dos angolanos em nosso meio, com os 12 noviços e cinco estudantes de Teologia. Eu percebo, assim, uma integração maior. Se fala muito da Missão com mais tranquilidade e esperança. Antes, se presenciava os frutos através do nosso testemunho. Agora, os frutos estão aí presentes. Eles estão falando. Já começam a participar das reuniões da Província, dos Capítulos etc. Destaco também a convivência e o entrosamento que são muitos bons, tanto com os frades assim com o povo, por exemplo na pastoral que fazem na Baixada Fluminense. Isso tem feito com que os frades vejam a Missão de outra forma. Os frades angolanos também são uma presença provocadora aos mais novos, convidando-os para saírem em missão”, avalia Frei Angelo. Para ele, a Província ainda terá de fazer um esforço para os manter os frades brasileiros por uns dez anos ainda em Angola. “A partir de dez ou quinze anos, poderemos respirar mais tranquilos”, acredita.
O SEGUNDO LEIGO NA MISSÃO
Aos 34 anos, Bruno Schneeberger de Carvalho é o segundo a leigo a viver na Missão de Angola. O primeiro leigo deste trabalho missionário da Província da Imaculada Conceição foi o cearense Adávio Afonso Ribeiro em 2008.
Para ele, é um sonho que se concretiza. “Sempre quis fazer um trabalho voluntário fora do país, principalmente na África. Só que quando procurava as ONGs, assim como as agências de intercâmbio, esbarrava no alto custo e, além disso, havia preferência por voluntários na área de saúde”, explica o paulistano, que vai trabalhar no Seminário de Malange, como professor de informática e Educação Física.
“Uma vez estava conversando com o Frei Djalmo Fuck, o pároco anterior da Paróquia dos Franciscanos na Vila Clementino, e ele me falou da Missão de Angola e me mostrou fotos. De imediato disse: “Frei, tem como eu ir para Angola?”. Ele me encaminhou para o Frei Estêvão Ottenbreit (responsável pela Evangelização Missionária na Província), e não demorou muito para o processo andar e hoje já estou de partida”, contou Bruno, filho de Valéria e Francisco, que segundo Bruno estão em “estado de graça” por sua viagem. “Meu pai é devoto de São Francisco”, acrescentou.
Bruno não alimenta expectativas e diz que parte com a finalidade de “ajudar e fazer o bem”. Quanto à viagem, garantiu estar tranquilo: “Estou na companhia de outros frades”.
(na foto, da esquerda para direita, Frei Ishara, Bruno, Frei Angelo e Frei André)
A PRIMEIRA VIAGEM
O paulista André Luiz Henriques, natural de Ilha Solteira, faz a sua primeira viagem ao exterior. “É a minha primeira experiência de sair do país, o primeiro contato com outra cultura, com outros povos”, revela o frade. “Mas estou tranquilo, pois Deus me acompanha, porque Ele é que me guia”, acrescenta.
Segundo Frei André, a decisão de ir para lá não foi a partir de um desejo pessoal, mas de uma necessidade. “Quando o Visitador (Frei Nestor) passou pela Fraternidade de Florianópolis, onde morava, ele falou da necessidade de frades na Missão, e eu me coloquei à disposição dentro dessa necessidade da Província e da Igreja”, observou.
“É claro que eu vou com uma grande vontade e uma abertura interna de participar, de dar a minha contribuição dentro daquilo que eu puder. O Kimbo (um grande santuário que existe na capital Luanda) é algo muito novo para mim. Mas já ouvi muito falar desse espaço que congrega multidões. Também a assistência às Clarissas, que são vizinhas, vai ser uma novidade para mim. Tudo vai ser novo para mim”, disse Frei André, lembrando que no Noviciado e na Teologia não chegou a conviver com os frades angolanos.
O EXERCÍCIO DE MINORIDADE
No domingo (24/4), no final da celebração de posse do novo pároco da Vila Clementino, Frei Roberto Ishara ganhou uma calorosa ovação dos paroquianos. “Quero agradecer o carinho que recebi de vocês nesses quatro anos. Tive uma experiência muita grande de fé com vocês. Quero também agradecer porque foi com vocês que eu aprendi a ser franciscano, foi com vocês que eu aprendi a ser padre. Obrigado por tudo e reze por nós!”, pediu o novo missionário em Angola.
Frei Ishara ficou quatro anos na pastoral da saúde na Vila Clementino, região que reúne mais de dez hospitais muito próximos uns dos outros. Com seu jeito carismático, nesse tempo conquistou muitos amigos e admiradores. Mas era o momento de partir. “Ir para longe é um exercício da minoridade. É cômodo ficar na zona de conforto. Quando a gente vai para um lugar desconhecido, ajuda a exercer a minoridade como frade menor. Por isso, eu gosto de sair para um lugar diferente, novo”, revelou o frade paulistano, descendente de japoneses. “Meus pais estão tristes pelo filho que parte, mas felizes pela realização do frade”, contou, frisando que não esquecerá do povo que conheceu e fez parte de sua vida na primeira transferência como frade menor, já que foi ordenado diácono e presbítero na Paróquia São Francisco de Assis da Vila Clementino.
– See more at: http://www.franciscanos.org.br/?p=108404#sthash.CNCA3xhY.dpuf
Fonte: Franciscanos