Missa da Ceia do Senhor

    “O cálice por nós abençoado, é a nossa comunhão com o sangue do Senhor”! (Sl 115, 116)

     Iniciamos, com a celebração da Quinta-Feira Santa ano entardecer, o Tríduo Pascal, ou seja, três dias em que mergulhamos no mistério pascal de Cristo. É uma única celebração que se inicia na Quinta-Feira Santa, iniciando como sinal da cruz, e termina ao final da missa que se segue à vigília do sábado santo, podendo concluir até o alvorecer do domingo com a bênção final. Ao término da celebração da Quinta-feira, não tem benção final, apenas a procissão do Santíssimo Sacramento, que é recolhido a um lugar diferente do Sacrário para os fiéis adorarem, lembrando do momento da prisão de Jesus. Na Sexta-Feira Santa, acontece a celebração da paixão, sem o sinal da cruz no início e sem a benção final, assim como também na bênção do fogo novo antes da vigília sem o sinal da cruz. A grande benção é dada ao final da Vigília Pascal. São três momentos que celebramos em todas as nossas missas que Cristo instituiu como Eucaristia: a ceia pascal, o sacrifício da cruz e a presença do ressuscitado.

    Na missa da Quinta-Feira Santa, recordamos a instituição da Santa Eucaristia, onde Jesus se faz alimento com o seu corpo e seu sangue. Jesus realiza a última ceia com os seus discípulos, ato que recordamos em toda Missa, Ele nos deixou a memória de Seu Corpo e Sangue e continua presente no meio de nós, por meio do seu espírito.

    Antes de realizar a última ceia com os seus discípulos, Jesus realiza o rito do Lava Pés, Ele se abaixa e se coloca a serviço do outro, ensinando aos discípulos que eles devem fazer a mesma coisa. Pedro, como sempre questionador, diz a Jesus que então ele deveria lavar não somente os pés, mas o corpo inteiro. Jesus diz que quem já tomou banho, não precisa banhar-se de novo, pois já está todo limpo. Jesus sinaliza, ainda, que nem todos estão limpos, pois sabia quem iria entregá-lo. Podia estar limpo por fora, mas não por dentro.

    Ao lavar os pés dos discípulos, Jesus ensina o amor ao próximo e que os discípulos deveriam fazer a mesma coisa uns com os outros. Jesus ensina, ainda, que eles devem dar o exemplo para todas as pessoas, ou seja, para eles ensinarem o amor aos outros, eles têm antes que viver esse amor. Com essa atitude, mostra que o Mestre não é maior do que os servos, e que deve se colocar em condição igual e não superior. Todos são iguais aos olhos de Deus.

    Hoje, ainda, é um dia de festa na Igreja, mesmo sendo Quinta-Feira Santa, pois pela manhã os sacerdotes renovaram as suas promessas sacerdotais e aconteceu a benção dos santos óleos dos enfermos e dos catecúmenos e a consagração do óleo do Crisma. Agora à noite, uma outra grande festa para a Igreja que é a instituição da Eucaristia. Depois dessa grande festa, a Igreja entra num silêncio e celebra com fé e piedade a paixão e morte de Jesus. No Sábado Santo à noite uma grande alegria toma conta novamente da Igreja, com a celebração da Vigília Pascal.

    Por ser, ainda, considerado dia festivo, tanto na missa pela manhã, como à noite, canta-se o hino do glória, omitido durante o tempo quaresmal. Que a partir da ceia que iremos comungar nessa missa, possamos ser renovados pelo Espírito Santo e desejar participar sempre dessa ceia aqui na terra, e almejar participar dela no céu.

    A primeira leitura dessa missa é do livro do Êxodo (Ex 12, 1-8. 11-14). Nesse trecho do livro do Êxodo, o Senhor sela a aliança com o povo de Israel. O Senhor pede que eles realizem a ceia e quer que toda a comunidade dos filhos de Deus participe. Nessa ceia, eles deveriam imolar o cordeiro e tomar o seu sangue. Deveriam cear com os rins cingidos e cajado na mão, comer às pressas, pois era Páscoa. A Páscoa significa “passagem”, pois nessa noite Deus libertaria o povo de Deus da escravidão do Egito e os conduziria para a liberdade.

    A Páscoa cristã que celebramos advém da Páscoa judaica, e significa passagem, só que passagem da morte para a vida, por ocasião da ressurreição de Jesus. E não é mais necessário imolar o “cordeiro”, hoje em dia o “Cordeiro Pascal” é o próprio Cristo.

    O salmo responsorial é o 115 (116b). O cálice é a nossa comunhão com o Senhor, ao beber do seu sangue e comer do seu corpo, entramos em plena sintonia com Ele. E pedimos que ao comungar do seu corpo e sangue, possamos comungar a nossa salvação.

    A segunda leitura dessa missa é da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 11, 23-26). Paulo relata para a comunidade aquilo que ele recebeu do Senhor, e faz a narrativa da paixão. Ao participar da ceia do Senhor, anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição.

    O Evangelho é de João (Jo 13, 1-15). João relata nesse trecho do Evangelho que a Páscoa dos Judeus estava próxima, e que o Diabo já havia colocado no coração de Judas o desejo de trair Jesus. Jesus realiza a última ceia com os discípulos, certamente já era hábito de Jesus cear com os discípulos e fazer os rituais preparativos para a Páscoa. Nessa mesma noite, antes da ceia, eles entoaram cânticos e salmos a Deus por ocasião da Páscoa.

    Jesus realiza o ritual do Lava Pés, ensinando aos discípulos que eles devem servir uns aos outros e que todos são iguais perante Deus. Jesus deu o exemplo e mostra que mesmo o Senhor pode se abaixar para lavar os pés dos seus servos, ensinando que eles não devem se sentir superiores a ninguém.

    Com a última ceia, Jesus instaura a nova Páscoa, ou seja, não seria mais necessário imolar o cordeiro, Ele mesmo seria o cordeiro dali por diante. Em toda missa, recordamos a memória dessa ceia e o mistério pascal de Cristo. Por isso, Ele mesmo disse: “Fazei isto em memória de mim”.

    Iniciemos com alegria o Tríduo Pascal com a celebração da Ceia do Senhor e Lava Pés e peçamos a Deus a graça de sempre podermos participar dessa ceia sagrada. Que a graça de Deus venha sobre nós, nos liberte do pecado e nos ajude a comungar a nossa “salvação”.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here