Maria no mistério do Natal

    As pessoas precisam de uma fé consequente, de que jamais possam hesitar, ao se contar com a promessa de Deus, do mundo pleno e totalmente realizado no fim dos tempos, no mais elevado sentimento de atenção ao seu mistério de amor a nos envolver. Eva, a primeira mulher, foi vencida pela serpente, que a enganou no pecado e na desobediência a Deus no paraíso. Maria, ao contrário, deu-nos o doce e melhor fruto: o da salvação. Quão paradoxais e antagônicos são os feitos e as intervenções da serpente e os da Santa Mãe de Deus, a Virgem Maria! Vemos em Eva só oposição e adversa maldade, ao distanciar e isolar a criatura humana de Deus. Em Maria, encontra-se o indiscutível e incontestável mistério: o da redenção do mundo em Jesus de Nazaré, que, ao ser crucificado, presenteou-nos: “Eis aí a tua Mãe”.

    A importância de Maria na história da salvação – como mediadora, que nela, segundo a nossa fé católica, a humanidade foi e é contemplada pelo favorecimento do seu “sim” – é mistério da presença de Deus entre os homens, aqui, na mais digna afirmação do apóstolo Paulo: “Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob seu olhar no amor” (Ef 1, 4). Assim, os que confiam e acreditam na força do Salvador acolhem como compromisso e missão uma única coisa: segui-lo, cheios de esperança, no dia a dia. Maria mesmo é quem se digna a colaborar, manifestando ao mundo a história da salvação, através de seu filho Jesus, em quem a humanidade será plenamente restaurada e pacificada pelo amor.

    A vida cristã se confunde com a espiritualidade mariana, neste tempo do Advento, na busca de um aprofundamento sempre e cada vez mais continuado, pela consagração de toda a vida dos que professam a fé, na ternura do Deus Menino. Deus dá o exemplo, ao descer do céu e se encarnar e penetrar no abismo da vida humana, mas ao mesmo tempo nos desafia, pedindo de nós disposição em abraçar seu projeto de amor, alimentando-nos pelo dom e graça de sua Boa-Nova, no esforço de vivenciá-la.

    No mundo, os cristãos necessitam de uma fé cristã vigorosa e lúcida, igualmente à de Maria, de pessoas que se empolguem e sejam fiéis a Jesus de Nazaré, que se alimentem de sua obediência ao Pai, aquele da morte, e morte de cruz. Maria não hesitou, mas, ao contrário, manteve-se fiel a Deus, trazendo para nós o clarão luminoso do mistério do Natal. Na mesma disposição, incessante, pensemos, pois, na luz de Belém, no convite que Deus nos faz, respondendo-lhe, generosamente, através de ações e gestos de amor. Assim seja!

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