Poderíamos dizer que nós, os cristãos, estamos em uma grande festa. Estamos em festa com Maria, a nossa Mãe. Já é razão mais do que suficiente, porque Maria não é uma mãe comum. As mães, em geral, cuidam de seus filhos, desejam para eles o que há de melhor, esforçam-se para que tenham uma boa educação e fazem todo o possível para que eles sejam felizes. Maria fez tudo isso – não duvidamos. Mas, além disso, Maria sonha com um mundo diferente para seus filhos, ou seja, para nós.
Encontramos o sonho de Maria refletido nesse cântico precioso, que lemos no evangelho desse vigésimo primeiro domingo do Tempo Comum(Lc 1,39-56). Com o Magnificat (Minha alma engrandece o Senhor…), milhões de cristãos ao longo da história sonharam que é possível criar um mundo diferente. Sonharam que Deus realiza proezas com o seu braço, em favor dos que nele crêem e que lhes oferece a sua misericórdia. Além disso, promove uma reviravolta naquilo que é comum no mundo: dispersa ao soberbos, derruba os poderosos, enaltece os humildes e cumula de bens os famintos e os necessitados. É um sonho que tem muito de revolucionário.
Hoje continuamos recitando o cântico de Maria. Poderiam nos dizer que é um sonho, que não passa dos desejos de uma mãe para com seus filhos. Mas, não é verdade. Há algo mais. Algo muito importante. Esse sonho transforma-se em realidade entre nós pouco a pouco. Por quê? Pela simples razão de que sua realização não depende de nossos esforços, mas do braço poderoso de Deus. Isso é o mais importante. É Deus quem está agindo entre nós e fazendo com que esse sonho se transforme em realidade. Maria não teve um simples sonho. Ela experimentou a presença de Deus em sua vida. Estava grávida e sabia que levava em seu ventre o Salvador prometido por Deus desde há muito tempo. Por isso, seu cântico está repleto da força de quem acredita porque viveu e experimentou.
Se abrirmos bem os olhos, também seremos capazes de ver a presença de Deus entre nós. Presença que vai transformando os corações das pessoas e vai enchendo de misericórdia este mundo. É que não nos damos conta da grande quantidade de pessoas boas, próximas e distantes, trabalhando para ajudar os mais necessitados, para que os mais pobres e mais marginalizados sejam saciados pelos bens do Senhor. Essas pessoas hoje são os braços poderosos de Deus em nosso mundo, porque, com Maria, acreditamos e sabemos que Deus age no meio de nós. E aquilo que era apenas um sonho se vai tornando realidade.
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