Máfia romena extorquia sacerdotes com falsas denúncias de abuso

Um grupo de sacerdotes da diocese de Pamplona, na Espanha, foi extorquido durante aproximadamente dois anos por uma rede mafiosa romena que os ameaçavam com difamações e brigas nas paróquias para conseguir dinheiro.

Conforme declarou ao Grupo ACI o porta-voz da diocese de Pamplona-Tudela, Pe. José Luis Morrás-Etayo, a diocese “reagiu assim que descobriu, há seis meses, mas tudo começou há dois anos, os sacerdotes tentaram procurar uma solução sozinhos, mas o problema cada vez foi crescendo”.

Vários sacerdotes foram à diocese pedindo para serem transferidos de paróquia, então contaram tudo o que havia acontecido. O que começou como um ato de caridade, passou a ser uma extorsão.

“Tudo começou por querer ajudar. Chegavam às paróquias com crianças, dizendo que não tinham como alimentá-las, depois pediam para pagar uma conta de luz, pois não tinham dinheiro, depois para outras coisas. Mas, no momento em que eram dirigidos para outras organizações de ajuda controlada, começavam as ameaças e os problemas”, assegura ao Grupo ACI o porta-voz.

“Se não me derem dinheiro, começarei a gritar, sei onde moram… toda uma classe de artimanhas que conhecem muito bem para obrigar a dar-lhes dinheiro”, apontou o Pe. Morrás-Etayo. Segundo informações publicadas em diversos meios, ameaçavam os sacerdotes dizendo que os acusariam de pedofilia ou de perseguição sexual.

Depois que denunciaram esta situação à polícia, teve início uma investigação, além de dar um curso sobre como reagir ante estes casos de extorsão.

“Este grupo mafioso está muito bem organizado e sabem as técnicas. Também houve brigas para ficar com determinados lugares para mendigar, disputavam entre eles os locais. A polícia nos deu algumas dicas que devíamos seguir, porque os sacerdotes só tinham vontade de ajudar. Sabemos que isto é um problema que vai e volta, porque tentaram extorquir outras paróquias posteriormente, mas os sacerdotes estavam prevenidos e souberam como agir”, explica o porta-voz.

O Pe. Morrás-Etayo explica ao Grupo ACI que, “por querer fazer caridade, fizemos um mal. Existe a Cáritas e outras associações da Igreja onde verdadeiramente levam a ajuda que cada pessoa precisa. Muitas vezes, por querer solucionar situações difíceis de maneira rápida, agimos mal, alguns problemas que não eram de verdade, porque estas pessoas tornaram a mendicância um negócio e a polícia o demonstrou assim”.

Segundo dados da Arquidiocese de Pamplona, quatro paróquias foram as mais afetadas por esta rede e três sacerdotes foram mobilizados a fim de que pudessem regular uma situação que o porta-voz qualifica de “inimaginável”, “já não podiam mais”.

O Tribunal de Instrução número 1 de Aoiz (Navarra) investiga o caso. Até o momento, três pessoas foram detidas, imputadas por delitos de extorsão, pertença a um grupo criminal. Uma quarta pessoa está à disposição da Fiscalização de Menores e não foram descartadas novas detenções nos próximos dias.

Entre as medidas que a polícia aconselhou aos sacerdotes, estão a de não os receber sozinhos ou em lugares privados como sacristias ou secretarias, referir sempre qualquer pedido de ajuda econômica a Cáritas e, sobretudo, “fazer a denúncia no momento que começarem as extorsões. Não devem ficar calados, nem tentar solucionar o problema sozinhos, pois isto foi o que aconteceu”.

Em janeiro, a diocese de Bilbao – a poucos quilômetros de Pamplona – publicou um comunicado sobre a mendicância nas portas das igrejas e incentivou a dirigir as pessoas que estão passando por algum tipo de necessidade às organizações de ajuda oficiais e nunca lhes dar dinheiro.

 

Fonte: Acidigital

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