Madre Teresa de Calcutá: canonizada no Ano da Misericórdia

    Graças a um milagre que foi beneficiado um cidadão brasileiro que residia em Santos, no Estado de São Paulo, e hoje reside no Estado do Rio de Janeiro, quis o Papa Francisco inscrever no livro dos santos, no próximo domingo, dia 04 de setembro, a grande religiosa que foi Madre Teresa de Calcutá. Ela esteve pessoalmente aqui no Rio de Janerio para fundar sua casa de missão e onde suas irmãs até hoje dão um belo testemunho de presença junto aos necessitados. A Madre Teresa, por sua vida, vocação e missão soube acolher o chamamento de Deus de uma forma muito concreta, saindo dos discursos eloquentes que tantas vezes têm o poder de comover, mas nada constroem quando se trata de observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O que constrói o Reino de Deus é a atitude e o exemplo de quem acolhe na vida o dom da misericórdia e a traduz nos acontecimentos da vida e da história.
    Misericórdia é compaixão e, noutras palavras, é amor acolhido vivido e partilhado, um amor-misericórdia que a madre fundadora das Irmãs da Caridade soube acolher de Deus, que a chamou à vida como vocação primeira e singular e naturalmente à vocação cristã. Assim ela foi aprendendo com o Mestre da misericórdia, e pelo encontro pessoal com Jesus Cristo percebeu que não bastava apenas se encontrar, conhecer e amar o Senhor Jesus de forma isolada, egoísta e individual; era necessário comunicar aos outros este dom gratuito de um amor também gratuito, um amor que não era amado; era preciso amar este amor no rosto e na vida dos homens e mulheres sedentos de misericórdia, de ternura e compaixão, noutras palavras, sedentos de vida em plenitude.
    Foi tomada por este amor que nasceu deste encontro pessoal e verdadeiro com o seu Senhor, que levou Madre Teresa a uma profunda identificação, ou uma radicalidade literalmente evangélica, isto é sem interpretação, e sim com extrema doação de si mesma, da vida e do amor que do Senhor ela acolheu. É verdade que ninguém dá o que não tem; Madre Teresa, sentindo-se amada e acolhida pelo Senhor misericordioso, não hesitou em partilhar este amor com os moribundos de sua desprovida e pobre comunidade de Calcutá, a princípio os mais próximos, os primeiros que o Senhor lhe confiava.
    A misericórdia de Deus é um amor sem limites e fronteiras, não se condiciona a lugares e culturas, nem a nós mesmos. Este amor é um dom universal, não exclui ninguém, todos são incluídos e acolhidos neste coração de Deus que ama, e isto Madre Teresa compreendeu muito bem por sua vida, vocação e missão, porque foi uma mulher sem fronteiras, na sua bagagem não trazia nem ouro e nem prata, mas trazia o mais importante, que supera qualquer riqueza deste mundo – o amor de Deus misericordioso que ela queria comunicar ao mundo com sua própria vida doada. Seu passaporte era o próprio Evangelho que constitui um dom sem fronteiras, nossa missão é ser portador deste Kerigma, deste anúncio a todos os confins da Terra, comunicando não somente em palavras, mas com a vida, que o amor de Deus é misericórdia. Nossa madre-mulher, solidária e corajosa, comunicou muito bem sendo ela mesma exemplo de que acolher o chamamento de Deus pressupõe uma mudança radical de vida, mas isto se faz gradualmente, no dia-a-dia da vida, lá onde estamos e no que fazemos “Sede Misericordiosos como vosso pai do céu é misericordioso” (Lc 6,36); este convite constitui um projeto de vida, uma vocação para todo batizado, somos todos consagrados e enviados, assim vocacionados para a missão de promover a misericórdia de Deus, como fez Madre Teresa de Calcutá –, ela pela vocação religiosa consagrada, e nós todos pela vocação missionária nascida do nosso Batismo, configurados em Cristo.
    Madre Teresa pode dizer que foi a personificação da bondade e da misericórdia de Deus na vida dos homens e das mulheres, dos pobres moribundos que ela acolheu como sendo seus preferidos. Sim, porque Jesus Cristo, Misericórdia do Pai, também fez a opção preferencial pelos pobres, doentes, abandonados, esquecidos e feridos na carne e na própria dignidade humana.
    Quantos irmãos no tempo da Madre Teresa, e ainda hoje, não vistos nem mesmo como gente, são indigentes, insignificantes; o mundo cruel e desigual os trata como nada, mas são estes os amados e preferidos de Deus, que a ninguém exclui do Seu amor e da Sua misericórdia. Madre Teresa entendeu muito bem esta máxima do Evangelho “Todas as vezes que fizestes isso a um dos meus irmãos foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40). Todos nós cristãos, homens e mulheres guiados pelos ensinamentos e o exemplo de Jesus Cristo, devemos seguir as pegadas desta grande mulher santa, consagrada à caridade misericordiosa.
    Vivendo este tempo especial em que a Igreja, Mãe e Mestra, confirma e reconhece nossa Madre Teresa como uma mulher misericordiosa, proclamando-a e elevando-a às honras dos altares na condição de Santa Teresa de Calcutá, é um tempo favorável de renovação da nossa fé cristã, do nosso compromisso com o reino de Deus, com Sua Igreja sempre solidária e peregrina da misericórdia na história, o exemplo vivo e verdadeiro de Santa Teresa de Calcutá é como que um farol que nos aponta luminosamente os caminhos do Evangelho, a que somos chamados a trilhar no nosso quotidiano como testemunhas do Senhor Ressuscitado, pontífice da misericórdia de Deus Pai.
    No próximo dia 10 de setembro, às 8:30 horas em nossa Catedral iremos celebrar a missa agradecendo a canonização da Madre Teresa e inaugurando sua imagem na esplanada da Catedral que nos foi doada por uma família muçulmana através do governo da Albânia, região natal da nossa nova santa. Dessa forma marcaremos o dia com a grande peregrinação dos trabalhos sociais da arquidiocese neste ano jubilar.
    Santa Teresa de Calcutá, rogai por nós, em especial neste Ano Santo da Misericórdia, para que sejamos transmissores do amor misericordioso do Senhor nesse nosso mundo!

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