Lula no Tratamento Mediúnico

    “Vivemos hoje uma situação de crise na vida cristã e eclesial: há situações novas na cultura contemporânea, um forte processo de secularização, que faz com que a postura de muitas pessoas em relação á religião e a Deus mude fortemente, indo desde o abandono da fé e dos valores decorrentes dela até á adesão a formas primitivas de religiosidade, como a magia, a idolatria ou o fetichismo. Temos, portanto, a necessidade de propor novamente o anúncio cristão e de encontrar novo eco no coração do homem contemporâneo para a mensagem cristã”.

    Dom Odilo Pedro Scherer
    Cardeal Arcebispo de São Paulo (1).

    O ex-presidente Lula tem recorrido a recursos não convencionais para cuidar de sua saúde. Ele tem feito consultas com o médium João de Deus, que recebe doentes do mundo inteiro, na cidade de Abadiânia (GO). Com o aval de seus médicos, Lula já esteve, pelo menos, duas vezes com João de Deus. Para ministrar “tratamento espiritual” a Lula, o médium fez viagens até São Paulo.
    Independentemente da evolução e do diagnóstico atual do câncer do ex-presidente Lula, segundo um amigo, ele tem recorrido ao médium. Um secretário estadual confidenciou o fato a amigos. Um profissional liberal, que conhece os fatos, conta que João de Deus, conhecido no exterior por seus “tratamentos espirituais” e “cirurgias mediúnicas”, atendeu também o vice José Alencar. O petista acrescenta que outros políticos recorreram recentemente ao médium. O profissional cita, ainda, o caso da recuperação do familiar de um importante integrante do gabinete da presidente Dilma. João de Deus tem na sua lista de pacientes o ex-presidente Bill Clinton (2).
    “Faço um tratamento espírita. Passei a frequentar um centro em campinas–SP, onde recebo energizações e tomo líquido à base de ervas. Sou católico, nunca havia pisado em um centro, mas sempre fui simpático a esse tipo de fé. É tudo de Deus, não é mesmo: disse o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt, que tem câncer no cérebro (Veja, 04/09/2013, p.18).

    Pai de Santo do Sarney

    A matança a qual Mestre Bina se refere é o sacrifício de animais. Fazer maldades implica o uso do sangue. Quanto maior a dificuldade do pedido, maior a oferta. Mas pedir algum mal é risco. Quem se aventura no pleito deve saber que o caboclo, como também é chamada a entidade, assim como dá, tira, revida, castiga.
    A maioria dos voduns de Codó é de membros de uma família de deuses ligados à entidades Légua Boji Boá da Trindade. Légua é Legba no original africano. É o equivalente a Exu, associado ao demônio pelo cristianismo por ser “a única entidade negra que podia simbolizar a contraface do Deus onipotente, ou seja, a tentação dos pecados da carne em oposição à pureza do espírito cristão”, na explicação de Yeda Pessoa de Castro, etnolinguista, doutora em línguas africanas e professora de línguas e culturas africanas no texto “De como Legba tornou-se interlocutor dos Deuses e dos Homens” (Caderno Pós Ciências Sociais – São Luís, v.1, n. 2, ago./dez., 2004).
    Dançar é a chamada para que o santo incorpore. Na quaresma, os tambores se calam e as imagens de pretos velhos são cobertas nos altares. Os santos brancos do sincretismo religioso reinam absolutos em praticamente todos os terreiros da cidade de 118.038 habitantes, dos quais, ironicamente, 11.601 se declararam ao IBGE Católicos (98.439) e evangélicos (13.162), restando à umbanda e ao candomblé apenas 650 indivíduos. Outros 3.921 moradores disseram não ter religião. Pois é nesta terra de cristãos que Mestre Bita do Barão de Guaré reina absoluto no maior, mais conhecido e mais rico terreiro que se tem notícia no Maranhão. Idade informada de 90 anos e amplamente questionada por toda Codó, Bita do Barão é, nada mais, nada menos, do que o pai de santo da família Sarney. Conta à lenda que os tambores soaram dia e noite, por sete dias, nos idos de 1985, quando Tancredo Neves morreu e deixou a presidência da República ao então vice, José Sarney.
    Sendo assim, a longevidade de Sarney no poder serve como uma espécie de carta de referência a Wilson Nonato de Souza, nome de batismo de Bita, condecorado comendador da República Federativa do Brasil em 1988. A honraria concedida por Sarney, estampada em foto, tem lugar de destaque na parede da loja, vizinha ao burburinho e aos urubus do mercado de Codó, onde Bita atende. O apelido vem de “cabrito”, porque pulava muito quando criança. Barão de Guaré é a entidade de representação branca que dá poder ao homem que anda descalço, o controla a família com autoridade de provedor e dança para santos e encantados com roupas coloridas, repletas de bordados (3).

    Conclusão

    São Cipriano (c.210 – 258), bispo de Cartago escreveu: “O inimigo, desmascarado e derrotado pela vinda de Cristo… trama nova emboscada para iludir os incautos, sob o rótulo do próprio nome de cristãos. Inventam heresias e cismas para subverter a fé, corromper a verdade e quebrar a unidade… roubar homens da própria igreja e os imerge, inconscientes, em outras trevas, deixando-os pensar que se aproximam da luz e escapam à noite do século. Continuam a se dizerem cristãos sem guardarem a boa Nova de Cristo, os seus preceitos e as suas leis! Julgam ter luz e caminham nas trevas!”.
    O Brasil é uma “Usina de Sincretismo Religioso”. O povo tem facilidade de acreditar em tudo. O híbrido entre fé e razão, ciência e manipulação e ortodoxia e heresia é fatal. É irracional o sincretismo e a visão é idiossincrasia. A simbiose do pluralismo religioso é uma verdadeira indústria de “sinecura”.
    A conexão da religião com a cultura indígena, portuguesa e africana continua sendo uma mina de ouro para os religiosos sinecuristas. Faltou e ainda falta ao povo um verdadeiro ensino das doutrinas cristãs. Só a verdade de Jesus Cristo liberta o ser humano de todos os enganos. O nosso povo sofrido e enganado precisa de vozes proféticas para sua libertação. Tenhamos coragem de denunciar toda indústria religiosa manipuladora e escravista e anunciar o poder do Evangelho Libertador do Reino de Deus!


    Notas
    (1)    Arautos do Evangelho, agosto de 2011, p. 41.
    (2)    O Globo – Panorama político, 30/06/2013, p.2.
    (3)    Revista O Globo, 07/04/2013, pp.18 e 19.