Alessandro De Carolis e Lydia O’Kane – Vatican News
A Colina do Urso desde segunda-feira (25/07), será um pouco mais também a Colina da Reconciliação. Uma terra antiga em que respirar com um senso de veneração o ar e o solo dos pais e dos antigos Chefes e desde ontem também uma terra que carrega os sinais de um Chefe que veio de longe para pedir idealmente de joelhos o perdão por tantas crueldades cometidas, que nem sequer deveriam ter sido imaginadas. Porque é assim que um dos atuais líderes das Primeiras Nações canadenses, Phil Fontaine, lê as palavras e gestos de Francisco no primeiro encontro com os povos indígenas em Maskwacis.
“Um momento especial”
Fontaine, há anos Chefe Nacional da Assembleia das Primeiras Nações, conhece bem o drama antigo e o esforço atual para curar uma memória que luta para cicatrizar suas feridas. Os “abusos físicos, verbais, psicológicos e espirituais” cometidos pela Igreja católica contra os pequenos indígenas do passado estão lá, nos túmulos que pontuam o verde em torno da Igreja de Nossa Senhora das Sete Dores e naquela longa faixa vermelha com os nomes das pequenas vítimas. No entanto, para o líder indígena desde ontem há também algo memorável, a presença e a palavra do Papa. “Não é todo dia que uma das figuras públicas mais poderosas do mundo”, disse ele no microfone de Chris Wells, um dos enviados da Rádio Vaticano – Vatican News, “vem diante de uma comunidade de ex-alunos de escolas residenciais e suas famílias, provenientes de comunidades distantes deste país, e se humilha e pede perdão aos sobreviventes. Pessoalmente, acho que foi preciso muita coragem e humildade. Foi um momento especial”.
O lugar do perdão
Fontaine é um defensor convencido da necessidade de curar o que ainda está sangrando, para que o futuro dos povos indígenas se apoie num passado visto de uma luz nova. Apesar de acreditar que caberá a cada indivíduo aceitar e considerar o pedido de perdão do Papa, ele ressalta, no entanto, que também é importante ter “um lugar onde possamos perdoar”. “Ainda temos” – observa ele – “o problema dos túmulos não marcados, ainda há a questão dos registros e a questão das terras”. Porém, existe mais, ressalta ele, a colaboração demonstrada pela Igreja local e pela Santa Sé, que, por exemplo, permitiu que um pesquisador passasse um tempo no Vaticano e rastreasse centenas de fotos de alunos da escola residencial. Isso para o líder indígena é um exemplo desses “passos práticos que podemos dar juntos”.