Por Francisco Galvão, Aspirante Paulino
Quem nunca passou por uma experiência de sofrimento? Seja por uma doença, uma separação, uma saudade, uma decepção ou mesmo a perda de uma pessoa importante… Todos nós, em algum momento da vida, já passamos (ou passaremos) por realidades difíceis e dolorosas. Mas, afinal, há um sentido para o sofrimento? O que podemos aprender com ele?
“No profundo de cada sofrimento experimentado pelo homem, afirma João Paulo II, como também na base de todo o mundo dos sofrimentos, aparece inevitavelmente a pergunta: por quê? É uma pergunta acerca da causa, da razão e também acerca da finalidade (para quê?); trata-se sempre, afinal, de uma pergunta acerca do sentido”.
As pessoas anseiam por realização pessoal e profissional, e estão em constante busca pelo sentido da vida. No entanto, poucas são aquelas que, perante as dificuldades e sofrimentos do caminho, continuam sua luta até o fim. Querem o sonho, o prazer e a alegria, mas, por outro lado, se esquecem que a dor faz parte do processo de construção e maturidade humana. Todavia, ninguém foi treinado para aprender a sofrer. Para tanto, a própria humanidade se encarrega de ser o palco desse eterno ensaio. A gente aprende a sofrer, sofrendo. Assim também se aprende a arte da fortaleza. Deste modo, estar consciente dessas realidades ajuda a encarar os percalços da vida e a dar um sentido para o sofrimento.
O escritor e psicólogo americano Mark Baker, em seu livro, “Como Deus cura a dor”, afirma que “a felicidade não exclui o sofrimento, porque ele é inevitável. A felicidade depende da maneira como vamos sofrer. Sofrer não é uma opção, pois muitas vezes o sofrimento se impõe. Mas a forma de sofrer é uma escolha nossa. Contudo, independentemente da forma escolhida, devemos aprender a melhor maneira de sofrer se quisermos fazer da dor uma ferramenta para o nosso crescimento”.
O sofrimento perpassa todas as fases da vida humana e perdura até a morte. Mas, na juventude, como isso acontece? Quais as experiências de sofrimento mais presentes na vida do jovem? Como ele encara essa (inquietante) realidade?
O ingresso na faculdade, o primeiro emprego, a primeira namorada, as paixões, as dúvidas, o chamado a uma missão, a distância da família e dos amigos… São algumas das realidades marcantes no tempo da juventude. Um período marcado por grandes inquietações e descobertas que, se não forem bem administradas, podem gerar ansiedade e sofrimento.
Ao mesmo tempo em que o jovem se encontra diante de inúmeras possibilidades, ele também está diante de uma fase decisiva, a qual lhe exige uma posição, uma atitude que, inicialmente, irá desinstalá-lo. Uma espécie de “rito de passagem” entre o desapego e o começo de uma vida mais autônoma, não menos desafiadora. Todavia, é preciso arriscar-se e não temer às incertezas futuras. A aceitação do sofrimento, enquanto realidade humana, ajuda a “compreender” mais claramente o sentido da própria existência e aceitar a finitude com maior naturalidade.
Clarisse Lispector dizia que “o sofrimento é sempre um encontro consigo mesmo: sofrer amadurece”. Dalai Lama afirma que “o sofrimento aumenta nossa força interior”. Por isso, seja na juventude ou em qualquer momento da vida, o sofrimento não deve ter outra função, senão a de purificar os afetos e fortificar a busca. Somente no amor, o sofrimento encontra seu pleno sentido.
Fonte: FAPCOM
Local: São Paulo