O povo não suporta mais o peso da opressão. As lideranças políticas (Herodes), em vez de devolver esperança ao povo, matam o porta-voz (João Batista). Por isso, o povo sai de todas as cidades, para um lugar deserto. A saida das cidades (onde vigora o regime de Herodes) rumo ao deserto recorda o êxodo do Egito (onde o sistema faraônico ceifava vidas) em direção ao deserto. Para daí atingir a terra da promessa.
É nesse lugar deserto que Jesus, o novo líder, encontre o povo sofrido e se interessa por ele. O primeiro gesto de Jesus é compadecer-se dessa gente esmagada pelos traidores do povo. Marcos emprega quatro vezes esse verbo, sempre se referindo a Jesus. É a reação típica de Jesus diante dos sofrimentos das pessoas, provocados pela exclusão social.
Ele se compadece porque “eram como ovelhas sem pastor”. Como Javé, Jesus se compadece e assume a liderança dessa gente sofrida e oprimida. Marcos quer sublinhar que Jesus é o líder que conduz os pobres na construção da nova sociedade. Aí começa o mundo novo. Jesus começa a ensinar-lhes muitas coisas.
Marcos não diz o que Jesus ensina porque o ensinamento dele é conduzir as pessoas à prática da novidade do Reino. Concretamente, o ensino de Jesus é o que vem a seguir, ou seja, a lição da partilha dos bens da criação, sem que ninguém fique excluído ou continue passando necessidade. A partilha, o banquete da vida, é a grande doutrina que Ele apresenta. Quem aprendeu desse líder, nunca mais desejará voltar ao domínio de Herodes, o traidor do povo, mas lutará para que se propague e se estabeleça a justiça e a fraternidade.
Que possamos meditar sobre isso para que, neste século XXI, cheio de desencontros, de violência, de opressão, de falta de amor, possamos lutar para implantar, como Jesus ensinou, a paz e a unidade, construindo um mundo melhor.