Jesus: o rei que serve!

    Chegamos a clausura do Ano Litúrgico com a Celebração da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Agradecendo a Deus pela iniciativa do Papa Pio XI que, em 11 de novembro de 1925, instituiu esta solenidade. Recordamos a extensão do Senhorio de Jesus Cristo sobre todas as pessoas, famílias, cidades, povos e nações, governos e instituições, ou seja, a realeza social do Senhor Jesus sobre o mundo. A grande realidade da fé cristã é o Cristo Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, que concede a sua vitória aos que lhe pertencem. O Papa Pio XI, com a sua Encíclica Quas Primas, demonstrou que o laicismo é a negação radical desta realeza de Cristo, pois organiza a vida social como se Deus não existisse. Tributar a Jesus Cristo os direitos de realeza não ferem a laicidade, uma vez que nenhum Estado está isento de suas obrigações para com Deus.

    A Palavra de Deus, neste último domingo do ano litúrgico, convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus. Deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza que se exerce no amor, no serviço, no perdão, no dom da vida.

    A primeira leitura (2Sm 5,1-3) apresenta-nos o momento em que Davi se tornou rei de todo o Israel. Com ele, iniciou-se um tempo de felicidade, de abundância, de paz, que ficou na memória de todo o Povo de Deus. Nos séculos seguintes, o Povo sonhava com o regresso a essa Era de Felicidade e com a restauração do Reino de Davi; e os profetas prometeram a chegada de um descendente de Davi, que iria realizar esse sonho. Com a crise e a queda da monarquia, depois do exílio, foi se estabelecendo, entre os judeus, a expectativa de um Messias, um rei dravídico. Esperavam um líder religioso-político-militar, com ideais nacionalistas. Este expulsaria os invasores estrangeiros e ascenderia Israel à condição superior aos outros povos. Lembramos que toda autoridade tem a missão de cuidar das pessoas, acompanha-las e protege-las. Por sua unção, Davi torna-se protótipo da teologia messiânica: o futuro descendente seu herdará o trono!

    O Evangelho (Lc 23,35-43) apresenta-nos a realização dessa promessa: Jesus é o Messias, o Rei enviado por Deus, que veio tornar realidade o velho sonho do Povo de Deus e apresentar aos homens o “Reino”; no entanto, o “Reino” que Jesus propôs não é um Reino construído sobre a força, a violência, a imposição, mas sobre o amor, o perdão, o dom da vida. Jesus crucificado é zombado por quem não entendeu seu messianismo. Jesus não se apresentou como Messias político-militar, conforme a esperança judaica, mas como servo. Os chefes escarnecem de Jesus, chamando-o de Cristo (Messias): o motivo mentiroso alegado pelo Sinédrio para condená-lo como falso Messias (Lc 22,66-71) e entregá-lo a Pilatos, como revolucionário político, desejoso de tomar o poder pela força. Os soldados caçoavam: “Salve-se, rei dos judeus”. Essas eram, precisamente, as palavras empregadas por Pilatos quando interrogou Jesus (Lc 23,3). O malfeitor, alinhado à mentalidade dos chefes judaicos, insulta Jesus, como falso Cristo. O último a dirigir-se a Jesus, pede-lhe participação em seu reinado. Certamente, este representa um cristão. Confessa Jesus como Rei! Mas, segundo ele, que tipo de Rei é Jesus? A resposta de Jesus esclarece: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. “Paraíso”, aqui, é sinônimo de eternidade e salvação. O reinado de Jesus não é semelhante aos do mundo. Nota-se que o Evangelista insiste no emprego de “salvar” — quatro vezes das dezessete ocorrências no Evangelho.  Jesus veio como Salvador (Lc 2,11), para trazer a salvação à “casa humana” (Lc 19,9). O Messias Servo, o Rei Salvador, entronizado na cruz, não salvou a si mesmo para salvar a todos que nele esperam, creem e confiam.

    A segunda leitura (Cl 1,12-20) apresenta um hino que celebra a realeza e a soberania de Cristo sobre toda a criação; além disso, põe em relevo o seu papel fundamental como fonte de vida para o homem. Após breve ação de graças, a leitura traz um belo e entusiasta hino cristológico, apresentando Cristo como centro de todas as obras criadas. Ele é o primogênito de toda a criação e o primogênito dentre os mortos. Provavelmente utilizado pela liturgia cristã primitiva, o hino é um canto de louvo a Cristo vencedor, o qual, com sua ressurreição, realizou nova e completa criação.

    Além da Solenidade de Cristo Rei, hoje celebramos o dia dos cristãos leigos e leigas que, com amor, se comprometem com o Reino que o Senhor inaugurou. Inicia-se, por iniciativa da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) o Terceiro Ano Vocacional no Brasil, por isto oremos por todos os cristãos, vocacionados à missão de seguir, pela graça, Cristo Rei, anunciando o Reino Eterno, o Reino da fraternidade universal!

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