A Liturgia da Palavra que vamos refletir no 11º Domingo do Tempo Comum recorda-nos a presença constante de Deus no mundo e a vontade que Ele tem de oferecer aos homens, a cada passo, a sua vida e a sua salvação. No entanto, a intervenção de Deus na história humana concretiza-se através daqueles que Ele chama e envia, para serem sinais vivos do seu amor e testemunhas da sua bondade.
A primeira leitura (Ex 19,2-6a) apresenta-nos o Deus da “aliança”, que elege um Povo para com ele estabelecer laços de comunhão e de familiaridade; a esse Povo, Deus confia uma missão sacerdotal: Israel deve ser o Povo reservado para o serviço de Deus, isto é, para ser um sinal de Deus no meio das outras nações. No monte Sinais, Deus faz uma aliança com seu povo. Com essa aliança, Israel é chamado de reino de sacerdotes e de nação santa. Deus deseja ter todos os povos para si e quer que vivam na santidade, praticando seus mandamentos, os quais nos convidam a viver no amor e na solidariedade.
O Evangelho (Mt 9,36-10,8) traz-nos o “discurso da missão”. Nele, Mateus apresenta uma catequese sobre a escolha, o chamamento e o envio de “doze” discípulos (que representam a totalidade do Povo de Deus) a anunciar o “Reino”. Esses “doze” serão os continuadores da missão de Jesus e deverão levar a proposta de salvação e de libertação que Deus fez aos homens em Jesus, a toda a terra.
O Evangelho pode ser dividido em três partes. Primeira parte: Jesus vê as multidões sofridas e se compadece delas. Multidão desorientada como ovelhas sem pastor. Povo sem liderança ou de liderança pervertida e exploradora. Jesus, então, exorta os discípulos a rezar para que surjam “trabalhadores” ou “pastores” que guiem com amor aquelas pessoas e a humanidade para uma condição de vida digna e feliz! A segunda parte: ensejada pela constatação anterior, Jesus inicia o conhecido sermão da missão! De início, Ele chama os discípulos e lhes confere autoridade para expulsar todo tipo de mal da vida das pessoas e para que possam agir de forma sempre favorável aos seres humanos, nossos irmãos e irmãs. Jesus chamou os Doze pelo nome. O discípulo tem identidade clara. Hoje, Ele também nos chama pelo nome, para exercer as mesmas tarefas dadas aos primeiros discípulos e apóstolos. Terceira parte: Jesus enviou os Doze, nos enviando também. Os doze formaram a primeira Igreja e hoje nós somos a Igreja missionária e sinodal, em saída, em que todos em comum participação, são chamados à comunhão e enviados em missão! Jesus os enviou recomendando que anunciassem a proximidade do Reino de Deus, testemunhando esta realidade a partir de ações favoráveis ao povo: pregar o Evangelho e expulsar o maligno com as obras do bem. O discípulo fiel nunca se esquece: “De graça recebestes, de graça deveis dar!”
A segunda leitura (Rm 5,6-11) sugere que a comunidade dos discípulos é fundamentalmente uma comunidade de pessoas a quem Deus ama. A sua missão no mundo é dar testemunho do amor de Deus pelos homens – um amor eterno, inquebrável, gratuito e absolutamente único. O amor de Deus se manifestou na morte de seu Filho, que entregou a vida por nós também por amor. Trata-se de um gesto gratuito de Jesus por nós, pecadores. A partir de agora, o cristão pode saborear a nova condição que lhe foi oferecida pela reconciliação, gratuita com Deus mediante Jesus Cristo.
O Documento de Aparecida é elucidativo: “Ao chamar os seus para que o sigam, Jesus lhes dá uma missão muito precisa: anunciar o Evangelho do Reino a todas as nações. Por isto, todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de sua missão, ao mesmo tempo que o vincula a Ele como amigo e irmão” (DAp 144) nossa missão sempre é rezar pelas vocações, neste dia e sempre, pois a obra/missão é grande e extensa, mas os operários são poucos! O Senhor continua chamando a cada um de nós pelo nome e para uma missão! Qual é a sua missão? Jesus te chama e te envia para qual missão e tarefa evangelizadora? Não podemos nos esquivar, o Senhor espera nossa resposta. Que ela seja sim e um sim amoroso!
A nossa missão evangelizadora é continuar a atividade compassiva de Jesus, doando gratuitamente aos outros a vida que gratuitamente recebemos. Jesus envia os Doze com a missão de curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os que leprosos e expulsar os demônios. Tal missão dos Doze e nossa, de restituição da saúde, da liberdade e da vida exige olhos que vejam e coração que sinta, como os olhos e o coração de Jesus. Que a compaixão, portanto, seja o princípio da nossa vida, como o foi para Jesus. Seguir Jesus é cumprir seu mandamento: “Vão e anunciem…” Ou seja, pôr-nos em movimento, um movimento de abertura para chegar a todos o que, em nossos dia, também estão abandonados, aflitos, sem esperança cristã!