Jesus é manifestado ao mundo!

    A liturgia do domingo da Solenidade da Epifania do Senhor celebra a manifestação de Jesus a todos os homens. Ele é uma “luz” que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz” encarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida definitiva.

    A Solenidade da Epifania – do grego epifanein, manifestar – que a Igreja celebra hoje remonta aos primórdios da era cristã. Ela celebra um mistério multiforme, o de Cristo Luz. De fato, todas as celebrações do Tempo do Natal giram ao redor da manifestação luminosa de Jesus. Ele se manifesta, primeiramente, ao encarnar-se no seio de Maria, depois, ao aparecer aos pastores (Natal, Missa da Aurora), aos reis magos (Epifania), ao ser batizado no Jordão (Batismo do Senhor) e, finalmente, em Caná da Galiléia (2º Domingo do Tempo Comum C), iniciando com seu primeiro milagre a manifestação de seu ministério público, que culminará na Páscoa, suma manifestação do Salvador.

    Recordemos que a Epifania é a manifestação luminosa de Jesus Salvador a todos os povos, representados pelos Magos do Oriente: Belchior, Melchior e Baltazar.

    A primeira leitura (Is 60,1-6) anuncia a chegada da luz salvadora de Deus, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo. Em Jerusalém e na Igreja, a partir de Cristo, a Luz divina se manifestou, dissipando as trevas, para que os povos reunidos pudessem caminhar sob essa luz. Jerusalém é a luz que se opõe às trevas, porque nela brilha a glória do Senhor. No meio das trevas, a presença do Senhor faz brilhar nova esperança, aurora de novo amanhecer, que atrai os povos. Isaías deseja animar o povo prostado diante de tantos problemas e dificuldades.

    No Evangelho (Mt 2,1-12), vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os “magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra. Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-n’O com esperança até O encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem exceção. Os temas principais da narrativa do Evangelho são dois: “a sabedoria que conduz à revelação e a revelação que manifesta a todos o Messias de Israel, Luz para todos os povos”. A estrela-guia, o próprio Jesus, contém em si a sabedoria que, ao ser vislumbrada, chama a si e mostra o caminho a trilhar para se encontrar o Salvador, a revelação do amor de Deus aos homens. Os Magos se deixaram guiar pela estrela, cheios de alegria, entraram onde o Menino-Luz estava e o adoraram, oferecendo seus dons. Diante do mistério divino revelado, a atitude humana adequada é a adoração, pois o Senhor, cumprindo suas promessas, iluminou todos os homens e a terra inteira com o clarão de sua glória.

    A segunda leitura (Ef 3,2-3a.5-6), apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus. O mistério de Deus visa salvar toda a humanidade por meio de Jesus Cristo. É um anúncio jubiloso, porque fala aos corações endurecidos pelo individualismo e pela indiferença. Nosso Deus não discrimina ninguém, mas acolhe a todos!

    A Solenidade da Epifania do Senhor é a manifestação de Jesus à humanidade. Os primeiros a receber a revelação do recém-nascido foram os magos, representantes dos pagãos, os que viviam fora do mundo judaico. Jesus se revela como luz, como estrela-guia, a quem deseja se deixar iluminar e conduzir por ele. Veio para todos os povos, e todos podem acolhê-lo, desce que se abram ao dom e ao amor de Deus.

    Neste domingo da Epifania do Senhor, perguntemo-nos, também, se nosso encontro com Ele provocou e provoca conversão e mudança de caminhos. Quem se encontrou com Cristo não volta nunca mais a Herodes. O encontro com Cristo, quando verdadeiro, estabelece necessariamente transformação profunda de atitudes e hábitos, de pensamentos e comportamentos. Por isso, na medida em que acolhemos e procuramos viver seu projeto de vida, podemos nos tornar, também nós, “luz do mundo”!

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