“Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa” (Mateus 6, 1-5).
3ª Catequese Quaresmal
Durante o período quaresmal, somos convidados a vivenciar três práticas que nos ajudam em nossa espiritualidade durante esse tempo. A caridade, o jejum e a oração. Uma prática está ligada à outra, de tal maneira que o nosso jejum só terá sentido se for precedido da oração e, da mesma forma, a caridade.
O período quaresmal é um tempo forte de penitência e convite à conversão. E uma das práticas de penitência desse tempo é o jejum. Normalmente, o jejum é de algum alimento, sobretudo, a carne, mas o jejum não necessariamente precisa ser de algum alimento, pode ser de algo que nos afaste de Deus, como por exemplo a internet, televisão, celular e, ainda, um jejum que deveria ser muito praticado nesse período pelos cristãos, que é o jejum da língua, ou seja, jejum de falar mal dos outros.
Podemos, ainda, fazer jejum de algum alimento além da carne, ou seja, algum alimento em que somos muito viciados e que prejudica a nossa saúde. Como por exemplo, tirar refrigerante, chocolate e outras guloseimas durante esse período quaresmal. E, ao chegar a Páscoa, usar com prudência desses alimentos, se não, de nada adianta o jejum que fizemos durante a Quaresma.
A ação concreta do nosso jejum é doar parte daquilo que nos privamos na Quaresma para alguém necessitado ou alguma instituição de caridade. Uma boa solução é colocarmos nas ofertas do Domingo de Ramos, na Coleta da Solidariedade. Por isso, o jejum está ligado a caridade e só conseguiremos fazer tudo isso impulsionados pela oração. Que possamos doar desde já, o nosso tempo ao próximo, estar mais com as pessoas, ouvi-las e dar menos atenção à TV e à internet.
O jejum que agrada a Deus é aquele que é feito de coração, ou seja, é feito sem obrigação, ou sem alguém ter que mandar, é aquele feito de própria vontade. Não podemos fazer o jejum apenas porque os outros fazem ou porque a Igreja manda, mas o jejum ajuda na nossa reconciliação com Deus. As outras pessoas sabendo que estamos fazendo o jejum podem seguir o nosso exemplo e podemos também seguir o exemplo de outras pessoas, mas fazendo o jejum por vontade própria e não para agradar os outros.
Durante a Quaresma, as paróquias costumam fazer a missa penitencial, normalmente, às sextas-feiras pela manhã, ou têm paróquias que realizam todos os dias, logo cedo, por volta das 6h. Podemos aproveitar para, nesse dia ou em um dia que formos a essa missa, realizar o nosso jejum quaresmal. Aproveitar, também, para nos nutrirmos do alimento espiritual e nos privarmos do alimento material. A Quaresma requer uma mudança de vida, ou seja, devemos entrar no período quaresmal de uma maneira e chegar na Páscoa de outra.
Todos as pessoas, nas diversas faixas etárias da vida, podem e devem praticar o jejum. O jejum não deve ser algo doloroso ou penoso, mas feito corretamente é algo bom. O jejum não é algo difícil, todos conseguem praticá-lo. O jejum não é deixar de se alimentar, mas comer de forma mais branda e tirar alguns ingredientes de nossa refeição. Podemos tomar o café da manhã normalmente, comendo mais frutas ao invés de pão e outras guloseimas. O almoço pode ser mais leve, tirando a carne vermelha e o jantar também pode ser leve. Comendo de leve em cada refeição, não tem como passar mal. O jejum não existe para que as pessoas passam fome.
O jejum é obrigatório para quem tem entre 18 e 59 anos. Após os 59 anos, o jejum é facultativo. Por meio do jejum, o cristão é estimulado a desapegar-se dos bens que o impedem de servir a Deus. Para que o jejum tenha sentido, é necessário um acompanhamento espiritual adequado, para que o jejum não seja feito à revelia, ou de qualquer jeito, mas o intuito do jejum é espiritual.
Vivamos bem os três pilares do período quaresmal, sobretudo, o jejum e que o nosso jejum tenha o sentido espiritual. Façamos o nosso processo de conversão e deixemos de lado aquilo que desagrada a Deus e fiquemos com aquilo que agrada ao Senhor, que é o nosso coração.
Tenhamos um santo período quaresmal e que possamos chegar transformados no período Pascal.