RIO DE JANEIRO, 03 Set. 18 / 02:20 pm (ACI).- Um incêndio que teve início na noite de domingo, 2 de setembro, destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, o qual completou 200 anos no último dia 6 de junho e tinha um acervo de cerca de 20 milhões de itens.
O fogo começou por volta das 19h30 de domingo e foi controlado apenas no final da madrugada desta segunda-feira, durando mais de 6 horas. Ainda não se sabe o que causou o incêndio neste edifício do século XIX, que custodia um acervo histórico desde a época do Brasil Império, sendo o maior museu de História Natural e Antropologia da América Latina.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas começaram quando o Museu já estava fechado para visitantes e havia apenas dois vigilantes no local, os quais conseguiram sair a tempo. Por isso, não houve feridos.
Entretanto, o fogo destruiu um imenso acervo histórico que continha fósseis, múmias, obras de arte, itens de botânica, documentos históricos, entre outros.
Dentre todo o acervo do Museu, destaca-se o mais antigo fóssil humano do Brasil, batizado de “Luzia”; a maior e mais antiga coleção egípcia da América Latina, coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina, coleções de paleontologia que incluía o primeiro dinossauro de grande porte montado no Brasil, o Maxakalissaurus Topai.
“É uma enorme tragédia”, expressou o diretor do Museu, Alexandre Kellner, em nota publicada pela instituição.
Segundo ele, agora “a hora é de união e reconstrução”. “Infelizmente, ainda não conseguimos mensurar o dano total ao acervo, mas precisamos mobilizar toda a sociedade para a recuperação de uma das mais importantes instituições científicas do mundo”, acrescentou.
A nota informa ainda que “recentemente, o Museu Nacional aprovou junto ao BNDES um investimento de R$21,7 milhões para a restauração e requalificação do Museu Nacional, que incluía novos equipamentos para prevenção de incêndios”.
O fato logo gerou grande repercussão nas redes sociais, onde muitos lamentaram pela perda que o incêndio representou ao Brasil.
Em sua página no Facebook, Pe. Augusto Bezerra, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, conhecido por seu apostolado nas redes, afirmou que o ocorrido “é parabólico para nós brasileiros”.
“Realmente é muito triste que tenhamos perdido nessa tragédia artigos tão valiosos de nossa história. É irrecuperável”, lamentou.
Em seguida, o sacerdote observou: “Isso me faz pensar que, analogamente, o fogo do relativismo e do progressismo tem destruído os valores do passado e vem incendiando as casas, as escolas, a juventude, as famílias, as igrejas e toda ordem social bem como toda beleza e sentido das coisas”.
“Os artigos preciosos do nosso passado já não podem ser retomados, mas podemos retomar os valores morais e espirituais que foram abandonados e esquecidos por tantos, para de agora em diante escrever uma bela história às próximas gerações. Aliás, devemos! Urge! Não podemos nos satisfazer com as cinzas. Deus nos fortaleça e reanime”, completou.
Por sua vez, Pe. Arnaldo Rodrigues, também da Arquidiocese do Rio de Janeiro, afirmou ser “uma tragédia imensurável para a história”.
O Museu integra o Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é vinculado ao Ministério da Educação.
Após o ocorrido, o Ministério publicou comunicado, no qual lamentou “o trágico incêndio ocorrido neste domingo no Museu Nacional do Rio de Janeiro, criado por Dom João VI e que completa 200 anos neste ano”. “O MEC não medirá esforços para auxiliar a UFRJ no que for necessário para a recuperação desse nosso patrimônio histórico”, acrescentou.