Lisboa, 24 nov 2017 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNPJ) vai promover este sábado a sua conferência anual, debaten o “incontornável” “fenómeno das migrações”, adianta o presidente do organismo católico.
Pedro Vaz Patto refere à Agência ECCLESIA que este é um tema cada vez mais presente na vida das sociedades, por “causa da globalização”
‘Muros e pontes: Europa, Migrações e Diálogo de Culturas’ é o tema que vai estar em reflexão este sábado, no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa, na linha do magistério do Papa Francisco e do seu “apelo ao acolhimento”.
“Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz”, escreveu o Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2018, apresentada hoje no Vaticano.
O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz sublinha que o fenómeno das migrações vai “generalizar-se, cada vez mais, por causa da globalização, da facilidade cada vez maior de comunicação”.
Neste sentido, alerta para a “grande disparidade” na distribuição de rendimentos entre o norte e o sul, que os progressos nas comunicações “tornam mais visíveis” e mais fácil a deslocação das pessoas.
“As raízes solidificam-se no contacto com o outro, o problema não vem de uma suposta invasão”, observa o jurista.
Para Pedro Vaz Patto, as comunidades católicas devem estar na primeira linha do acolhimento: “O que nos move é coerência com mensagem do Evangelho, não se podem descartar as pessoas por critérios políticos, económicos e até religiosos. Não teria sentido”.
Na conferência anual, a CNJP quer fazer um balanço de como se realizou esse acolhimento em Portugal.
“É importante não deixar que a reação seja movida por sentimentalismo superficial e passageiros que passa quando deixa de estar na comunicação social”, alertou o presidente do organismo laical ligado à Conferência Episcopal Portuguesa.
A CNJP convidou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para a abertura do encontro.
A partir das 11h00, fala o coordenador da PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, Rui Marques; pelas 14h30, ouvem-se testemunhos de acolhimento de refugiados em Portugal com Joana Rigato e a irmã Maria Manoel.
A Comissão Nacional Justiça e Paz preparou um painel sobre ‘as religiões e a paz parte do problema ou parte da solução?’ e convidou Esther Mucznik, da Comunidade Israelita de Lisboa, o professor José Borges de Pinho e o imã da Mesquita de Lisboa, o sheik David Munir.
Do programa o secretario da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana destaca a experiência de Rui Marques e a tarde sobre a “ideia sempre difícil se as religiões estão do lado da paz ou fazem os conflitos”.
O padre José Manuel Pereira de Almeida realça ainda que os trabalhos vão assinalar o primeiro ano do falecimento do anterior presidente da CNJP, Alfredo Bruto da Costa, que era “profeta em matéria da defesa dos pobres e preocupações socias”.
Fonte:Agência Ecclesia