Como um casal saiu da maior rede de abortos dos Estados Unidos para entrar no mundo fantástico da moral cristã e da Igreja Católica
Desde que minha esposa e eu começamos a namorar, ela sempre usou algum tipo de contracepção. Ela pulava de método em método, mudando com muita frequência. Usou de tudo, do anel ao injetável, do preservativo ao DIU (dispositivo intrauterino). Mesmo depois que nos casamos, tinha sempre algum tipo de “prevenção” no meio. Foi só depois que Abby deixou a Planned Parenthood e que fomos confrontados por novas informações sobre contracepção, que começamos a olhar um pouco mais a fundo para as nossas próprias responsabilidades reprodutivas. Ambos tínhamos caminhos diferentes para a nossa vida sem o controle de natalidade. Mas acabamos chegando a um acordo, e nunca esquecerei o momento em que Abby disse: “Hoje eu retirei o meu DIU”.
Por oito anos minha esposa esteve envolvida na indústria de aborto e controle de natalidade, trabalhando na Planned Parenthood. Ela não só estava vendendo o produto, como também era uma cliente. Quando o assunto era controle de natalidade, eu deixava a decisão para ela. A Planned Parenthood e outras traficantes de pílulas adoram gritar: “É uma escolha da mulher!” Pois bem, esse era o dogma ao qual tínhamos aderido naquele momento. Eu pensava estar ajudando ao deixar que ela tomasse as decisões por ela – e, em última instância, por nossa família. É claro que eu estava chateado por não termos mais filhos, mas, naquela hora, a carreira dela parecia ser mais importante. Nós tínhamos um filho e isso parecia ser o suficiente.
Quando Abby finalmente deixou a Planned Parenthood em 2009, nós dois não tínhamos qualquer problema que fosse com anticoncepcionais. Iria levar algum tempo para que os nossos argumentos em defesa da contracepção fossem desmontados. Com a saída dela da Planned Parenthood, ambos deixamos de defender o aborto para nos tornarmos pró-vidas de carteirinha. Então, eu pensava que qualquer coisa era possível.
Tudo começa com a nossa recém-descoberta religião
Pessoas de várias crenças e ideias chegam de diferentes maneiras ao Planejamento Familiar Natural (NFP, em inglês). Muitos o utilizam porque é saudável e respeita o funcionamento natural do corpo da mulher. Abby e eu fomos apresentados ao NFP na igreja, e as nossas razões para usá-lo incluíam razões religiosas, além das relativas à saúde.
Considerando que quase todo novo amigo que fizemos depois da conversão de Abby era católico, não demorou muito para que começássemos a frequentar regularmente as Missas dominicais. E era exatamente ali onde precisávamos estar. Quem imaginou que poderíamos aprender sobre contracepção e um pouco de biologia reprodutiva indo à igreja? Depois de alguns meses assistindo regularmente à Missa, nós decidimos começar o Rito de Iniciação Cristã para Adultos (RCIA, em inglês). Queríamos ao menos aprender sobre a Igreja Católica e descobrir se fazer parte dela era o melhor para nós.
Em nossa primeira aula, deram-nos uma Bíblia, uma cópia do Catecismo e uma edição do livro “Teologia do Corpo para Iniciantes”, de Christopher West.
Para mim, tudo começou com esse livro. Eu não tenho o costume de simplesmente pegar um livro e começar a ler. Mas, dessa vez, por alguma razão, eu o fiz. Não vou entrar em cada detalhe sobre o livro, que abrange um vasto material. Todavia, no momento em que terminei de ler, eu sabia que queria me tornar católico e estava 100% de acordo com o ensinamento católico sobre a contracepção. Tudo o que a Igreja ensinava simplesmente fazia todo o sentido para mim. Não foram só os aspectos religiosos que me chamaram a atenção. Eu estava mais impressionado em olhar o design natural dos nossos corpos e o que eles significavam. Nós fomos feitos para reproduzir. Isso requer um homem e uma mulher juntos no ato sexual. É verdade que o sexo faz sentir prazer e todas aquelas coisas boas, mas se você retira o seu propósito e reduz tudo ao orgasmo, ele se torna um ato bem egoísta, ao invés de ser um ato de amor do qual pode sair uma nova vida. A fim de que os nossos corpos e de que o sexo cumpram o seu propósito natural, a relação sexual deve ter, ao mesmo tempo, o prazer e a abertura à reprodução. Deixo Christopher West dizer isso melhor:
“Quando divorciamos o sexo de sua natural orientação a uma nova vida, o que resta para evitar que se justifiquem todos e quaisquer meios para atingir o clímax sexual? Quando esterilizamos o sexo, nós desorientamos essencialmente o ato. Ele não aponta mais para a necessidade do casamento e o crescimento de uma família. O nome do jogo se torna procurar libido para a própria satisfação e, então, a relação natural e vaginal é tratada como uma entre um milhão e uma formas de conseguir prazer sexual. Quando separamos o sexo de sua consequência mais natural, inevitavelmente perdemos a nossa bússola moral.”
Então, ali estava eu, com uma perspectiva completamente nova sobre sexo, casamento, Igreja e vida em geral. Eu estava muito animado para destrinchar o ensinamento católico e aprender mais, mas meu próximo desafio seria fazer Abby pular a bordo do mesmo trem comigo. Essa era a prioridade número 1…
Mas, no fim das contas, isso nem foi um grande desafio. No primeiro domingo depois de terminada a leitura do livro, estávamos na Missa. Eu estava achando tudo bastante normal na celebração, mas, ao meu lado, no decorrer da liturgia, Abby passava por uma grande conversão e mudança de filosofia. Eu não sabia no momento, mas Abby passou a Missa inteira olhando todas as famílias e todas as crianças sentadas ao seu redor. Ela percebeu, então, que queria que a nossa família crescesse, e a única coisa que ela podia pensar era: “Eu preciso tirar esse DIU de dentro de mim!”
Naquela tarde, quando chegamos em casa após a Missa, Abby me disse que queria tirar o DIU. Minha primeira resposta foi: “Sério? Você tem certeza?” Abby: “Certeza absoluta. Eu quero isso fora de mim amanhã, o mais depressa possível.”
Ótimo! Eu não ia mais precisar convencê-la a livrar-se do controle de natalidade. Ela chegou lá por conta própria. Chega a ser engraçado como nós tivemos estradas completamente diferentes para chegar exatamente ao mesmo destino. Estávamos ambos no mesmo barco e sequer sabíamos.
No dia seguinte, Abby telefonou para a sua médica e disse a ela que queria tirar o DIU. Eis como foi a conversa:
Abby: Oi. Eu preciso ter o meu DIU retirado hoje mesmo.
Recepcionista: Está tendo algum problema?
Abby: Não. Só preciso tirá-lo imediatamente.
Recepcionista: Ok, podemos ver você em três semanas.
Abby: Não, nada bom. Preciso falar com uma enfermeira.
…
Enfermeira: Oi. Você quer tirar o seu DIU?
Abby: Sim. Não estou tendo nenhum problema, mas preciso que ele seja tirado hoje.
Enfermeira: Bem, não temos nenhuma consulta disponível para hoje. Podemos ver você em algumas semanas.
Abby: Escute, eu sei como retirar essa coisa. Ou a médica tira isso hoje ou eu mesma tiro. Tem que ser hoje.
Enfermeira: Você pode vir à 1 da tarde hoje?
Abby: Vejo você, então.
Assim que Abby teve o DIU retirado, toda conversa que tínhamos sobre aumentar a nossa família era empolgante e uma grande injeção de ânimo em nosso matrimônio. Só a ideia de ter mais filhos já fez com que nos aproximássemos um do outro. O sexo se tornou cheio de significado. Nossa fé se tornou mais profunda. Não houve fogos de artifício ou uma festa para celebrar nossa decisão de abandonar a contracepção, mas posso dizer que isso colocou o nosso casamento em um belo caminho, em uma direção completamente nova.
O que aconteceu a partir disso…
As coisas não se tornaram mais fáceis depois que decidimos ter mais filhos. Uma vez retirado o DIU, passamos por um ano de infertilidade – menos do que muitos casais que sabíamos que usavam contraceptivos hormonais e de outros tipos. Nós aceitamos que talvez não teríamos mais filhos, embora fosse algo difícil de engolir. Mas, depois de muito trabalho entre Abby e sua médica, conseguimos conceber nosso segundo bebê… o primeiro de 3 bonitos garotos. Alex, Luke e Carter vieram um após o outro, em três anos consecutivos. Esses garotos são a prova para nós de que estar no plano de Deus e abertos à vida é a melhor vida para se viver. Agora, usamos o NFP (Planejamento Familiar Natural) e ele funciona muito bem para nós.
Se não tivéssemos passado por esse um ano de infertilidade, eu não sei se teríamos estudado sobre o NFP. Não sei se teríamos aprendido tanto sobre fertilidade e a ordem natural do sexo. Durante esse período, também aprendemos muito mais sobre os outros efeitos colaterais do controle hormonal de nascimentos.
Como agora, em nosso casamento, nós não usamos nenhum produto químico ou látex. Nós temos uma relação sexual saudável, natural e aberta à vida. Ambos entendemos que a fertilidade dela é nossa e nós trabalhamos nisso juntos. A boa notícia é que o NFP nos aproximou enquanto casal. Nada jamais vai se intrometer entre minha esposa e eu em nosso leito de novo. Talvez os nossos filhos de 2 anos e 1 ano e meio, mas nada além disso!
Fonte: Aleteia