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Na “Sala del Tronetto” do Palácio Apostólico, onde o Papa Francisco recebeu o novo embaixador da Ucrânia junto à Santa Sé na quinta-feira (7), foi colocado o ícone ucraniano de “Hodegétria” (século 17-18) que, na tradição ocidental, deu origem à devoção a Nossa Senhora do Caminho, ao propor a mensagem de que ela indica o Menino Jesus como Caminho. O jornal vaticano L’Osservatore Romano propôs a história do antigo ícone mariano ainda no início de março, explicando, então, que o termo “Hodegétria” é usado em referência a todos os ícones que propõem essa mesma mensagem.
O ícone original era custodiado no Mosteiro da Panágia Hodegétria, em Constantinopla, atual Istambul. Esse mosteiro foi construído especialmente para abrigar o ícone, que, ao contrário da maioria das versões posteriores, mostrava Nossa Senhora em pé e não sentada.
O ícone ucraniano
Em especial, o ícone ucraniano, para ser salvo da destruição durante a perseguição soviética, foi usado como prateleira de um armário na despensa de uma igreja na vila ucraniana de Popeliv. Fortuitamente recuperado com a liberdade recém-fundada, foi doado a João Paulo II em Lviv, em 2001, e tem sido conservado nos Museus do Vaticano desde 2004.
Desfigurado, o ícone de Popeliv – hoje um cruzamento para os refugiados – representa mais do que nunca a face do povo de quem foi pintado. Em particular, o rosto do Menino é completamente raspado: mas, na linguagem dos ícones, é como se hoje, simbolicamente, a Nossa Senhora de Popeliv estivesse segurando cada criança ucraniana no braço.
Herança de fé
O ícone foi redescoberto no início dos anos 90 pelo Pe. Sebastian Dmytrukh, um monge Studite, que o mandou restaurar imediatamente, mas a operação não conseguiu restaurar as peças que haviam sido irremediavelmente perdidas. Foi, então, feita uma cópia na qual o Rosto do Menino Jesus foi pintado livremente, com base em modelos da época.
Os dois exemplares, expostos por muito tempo na Galeria de Artes de Lviv, foram doados a São João Paulo II durante a Divina Liturgia que celebrou em Lviv, em 2001, ao final da sua viagem apostólica à Ucrânia. Entrevistado pelo jornal vaticano ‘L’Osservatore Romano’ naquela ocasião, Pe. Sebastian disse: “nunca será possível recuperar o que foi destruído, mas temos o dever de salvar o que escapou da destruição para que as novas gerações possam compreender a herança de fé que herdamos”.