Veneza (RV) – A Santa Sé participará pela primeira vez da Mostra de Cinema de Veneza com um filme produzido pelo Centro Televisivo Vaticano. O audiovisual “O menor exército do mundo” (no original italiano “L’esercito più piccolo del mondo”) é assinado por Gianfranco Pannone e será apresentado como produção fora do concurso. A 72ª edição do Festival de Veneza começa no dia 2 de setembro na cidade italiana.
Alguns jovens que prestam serviço militar na Guarda Suíça farão parte do elenco, como atores protagonistas. É desde o juramento solene, no pátio de São Dâmaso, dentro do Vaticano, usando o já conhecido uniforme nas cores azul, amarelo e vermelho, que eles começam o prestigioso serviço ao Papa e à Igreja.
A Rádio Vaticano entrevistou o diretor Gianfranco Pannone, primeiramente, questionando sobre os primeiros passos do filme e de como nasceu a ideia:
Gianfranco Pannone – “Eu já estava em contato com o CTV, com Dom Dario Viganò, sobre um projeto que queria ter feito sobre a Igreja Católica, como ela se relaciona com a contemporaneidade. Improvisamente, no entanto, fui chamado para este projeto que, de início, podia parecer um pouco mais clássico, um documentário sobre a Guarda Suíça. Ele se transformou, entretanto, sempre mais num olhar de dentro, um tipo de bastidores de uma instituição, de fato, mais que centenária, que a maioria não conhece ou que, se conhecem, é sempre através da ideia um pouco estereotipada, que se confunde um pouco nas cores que chamam a atenção do uniforme da Guarda Suíça.”
Rádio Vaticano – Com quais expectativas foram iniciadas as gravações no Vaticano?
GP – “Eu encontrei uma grande abertura dentro da Guarda Suíça. Eu mesmo fiquei surpreso, talvez até eu sofria de um preconceito. Acredito que, no entanto, essa impressão diversa e positiva seja fortemente influenciada pela presença do Santo Padre, Papa Francisco, que é uma figura que, em qualquer modo, aparece sempre de fundo, mas é importantíssima e que, em qualquer modo, também definirá a solução de algumas dúvidas de uma das nossas testemunhas, René, que é um Guarda Suíço que se questiona: ele está para se formar em Teologia, por isso tem algumas dúvidas sobre o seu papel de soldado que veste uma roupa com mais de 500 anos.”
RV – A gente consegue entender do filme, não somente o interesse à história e à tradição relacionadas à Guarda Suíça, mas à vida desses jovens.
GP – “Conto a vida quotidiana de alguns jovens, em particular, de Leo, René, Michele, Marco, com quem sigo esse percurso e formação até que não juram fidelidade ao Papa e à Igreja, transformando-se efetivamente em Guardas Suíços. Têm os bastidores; tem, então, a rotina. Apostei muito num aspecto que, segundo minha visão, está fortemente ligado a este papado: a humanidade, isto é, não contar os soldados, mas contar as pessoas que procuram, em qualquer modo, se colocar no mundo. Então, tem a normalidade deles, os passeios, as conversas, as intimidades, as dúvidas… Não é um filme de celebração aquilo que fiz, e acredito que talvez por isso Alberto Barbera tenha aceitado o filme para o Festival de Veneza. É um olhar à altura do homem, é a vida de alojamento, o refeitório, os passeios por Roma. É, também, o entusiasmo de poder correr dentro dos jardins vaticanos, ao invés de conversar sobre a emoção de fazer a guarda do Papa durante a noite e a cinco metros do seu quarto. Foi uma experiência extraordinária desse ponto de vista, porque me abriu um mundo. De fiel, que porém defende fortemente a própria dimensão leiga, para mim foi uma grande descoberta e uma extraordinária experiência.”
Fonte: Rádio Vaticano