Francisco, um papa diferente

    Deus chega ao coração das pessoas por meio de sua palavra, também chega e fala através dos acontecimentos da vida, da realidade dolorosa, as mais diversificadas, assegurando-lhes seu auxílio e sua graça e, ao mesmo tempo, encorajando-lhes a caminhar com esperança. Que a humanidade sempre mais aprenda com o Papa Francisco, nome este que deve ser pronunciado com enorme carinho, no seu ardente desejo de perseguir os sinais do reino de Deus, para que o mesmo seja visto como uma realidade viva e concreta no mundo atual.

    Francisco é um papa diferente, porque está sempre preocupado com as pessoas, assim como o pastor vai atrás da ovelha que se desgarrou do rebanho, tendo no interior do seu enorme coração as periferias existenciais, também quando é extremamente concreto nas práticas de misericórdias, dizendo que a Igreja deve estar sempre pronta em acolher a todos, sem excluir ninguém, deixando deixa claro que a Igreja não deve satisfazer a si mesma, indicando o caminho da exigente missão e do encontro com o mundo (cf. Mc 16,15).

    É daí que se entende sua popularidade e imagem crescerem nos países católicos, gozando também de uma imagem positiva em quase todos os lugares do planeta, particularmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, no resultado dos últimos dias de estudo de um instituto de pesquisa americano. O Papa Francisco obteve cerca de 60% das opiniões favoráveis contra 11% desfavoráveis nos 43 países, nos quais a pesquisa foi realizada, segundo o Pew Research Center de Washington. O Sumo Pontífice é mais bem avaliado, particularmente, no continente europeu, ocupando o primeiro lugar com 84% de opiniões positivas, seguido dos Estados Unidos, onde estará em visita em 2015, somando 78%.  O argentino Mário Bergoglio tem 72% de aprovação na América Latina. Todavia, na Polônia sua boa imagem chega ao índice mais alto de 92%, seguido de sua pátria, a Argentina, com 91% e da Itália e Espanha com 88%.

    A pesquisa como nos ajuda, no sentido de compreender a diferença que  faz o Sumo Pontífice, sobretudo, quando celebra a eucaristia diariamente na capela Santa Marta, sempre com preciosas, rica e profundas mensagens, quando concede entrevistas, e também quando se pronuncia nos organismos europeus e internacionais, com  sua missão de chefe da Igreja e chefe de governo, causando atenção e expectativa generalizada da imprensa internacional. Valendo-me da ocasião, gostaria de destacar dois momentos. Primeiro, sua entrevista a Elisabetta Piqué, do jornal argentino La Nación, em 04.12.2014, ao falar das mudanças que pretende introduzir, deixando claro: “As resistências evidenciam-se agora, mas para mim é muito bom sinal que as divulguem, que não as digam às escondidas quando alguém não está de acordo. Isso parece normal, porque seria anormal não existirem pontos divergentes”. Francisco disse que “Deus nisso é bom com ele e lhe dá uma saudável dose de inconsciência”, com a qual vai fazendo o que tem de fazer, apesar de “a reforma espiritual ser a que mais o preocupa”.

    O Francisco falou na referida entrevista a respeito das famílias que tem um filho ou uma filha homossexual a educar, como se pode ajudar estas famílias a levarem adiante uma situação inédita. “Assim, falamos dos homossexuais em relação às suas famílias porque é uma realidade que a todo o momento encontramos nos confessionários: um pai e uma mãe que tem um filho ou filha assim…”.  A questão dos divorciados também foi assunto: “pessoas divorciadas e aquelas que se casaram novamente devem ser reintegradas à Igreja — enquanto atualmente parecem ser tratadas como excomungados. É como se tivessem sido excomungados! Precisamos abrir um pouco mais as portas”.

    Já o segundo momento, foi por ocasião da missa do dia 11.12.2014, na Casa Santa Marta, o Bispo de Roma enfatizou que Deus salva o seu povo não de longe, mas se fazendo próximo de nós, com imensa ternura. “A proximidade é tão grande que Deus se apresenta aqui como uma mãe que dialoga com a sua criança: uma mãe que quando canta a canção de ninar ao filho, faz voz de criança e se faz pequena como ela, fala no seu mesmo tom a ponto de se passar por ridícula se alguém não entendesse o que de grande há ali: ‘Nada de medo, Jacó, pobre vermezinho’. Mas quantas vezes uma mãe diz essas coisas ao filho enquanto o acaricia… Está tão perto de nós que se expressa com esta ternura: a ternura de uma mãe”.

    Como é maravilhoso ver o querido Francisco fazer a diferença, apoiando-se em uma didática cheia de humana doçura, ao celebrar a eucaristia, alimento indizível, inexprimível, ao finalizar sua homilia acima citada: “Mesmo arriscando parecer ridículo, nosso Deus é tão bom! Se nós tivéssemos a coragem de abrir nosso coração a esta ternura de Deus, quanta liberdade espiritual teríamos, quanta! Hoje, se tiverem um tempo, em casa, peguem a Bíblia, Isaías, capítulo 41, versículos de 13 a 20, e leiam. A ternura de Deus, este Deus que nos canta a cada um de nós uma canção de ninar, como uma mãe”. Assim Seja!